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Tempo perdido

Número de veículos cresce em proporção maior que a infraestrutura e o serviço de transporte coletivo

DE SÃO PAULO

São Paulo sofre os efeitos do crescimento desordenado, dizem especialistas. E corrigir essa tendência, afirmam, não é tarefa simples.

"Em São Paulo as atividades são mais concentradas, fruto da explosão urbana e demográfica da cidade, à margem de qualquer planejamento. O emprego está em certos polos, e as pessoas precisam ir até lá", afirma o urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis.

É necessário, diz ele, dar atenção ao Plano Diretor, que expira neste ano e terá que ser atualizado, para fomentar, entre outras iniciativas, a ocupação no centro de São Paulo, para que as pessoas morem perto do trabalho.

Para Jaime Waisman, professor da USP, outra ação importante é criar medidas para induzir o trabalho em regiões como a Grande São Paulo e nos bairros.

Como boa experiência, ele cita a construção de equipamentos urbanos em Itaquera, bairro da zona leste paulistana, na esteira do estádio que está sendo erguido para a Copa de 2014.

"Mas é um fenômeno de difícil reversão, pois demanda tempo", diz Waisman.

EFEITO BANALIZADO

O trânsito é outra preocupação. A frota de São Paulo, superior a 7 milhões de veículos, cresce em proporção superior à oferta de vias públicas e de infraestrutura.

O desafio é priorizar o transporte público. O número de passageiros cresceu 63% no trem e 44% no metrô desde 2006; nos ônibus, o salto foi de 13,3%.

"Metade das viagens é feita de ônibus, que são jogados na vala comum e disputam espaço no corredor com táxis", diz Waisman, que também menciona a importância de expandir trem e metrô.

São justamente as redes de trem e de metrô que precisam crescer cada vez mais em São Paulo, defendeu a prefeitura à Folha em maio.

O ônibus está próximo da saturação, avalia a administração: a oferta de lugares aumentou em ritmo menor que a entrada de passageiros. Especialistas defendem expansão dos corredores de ônibus: o prefeito Gilberto Kassab prometeu 66 km, mas não construiu nenhum.

Apesar de expressivo, o tempo perdido pelas pessoas no trânsito "não sensibiliza muito" porque, como todos sofrem com o problema, o efeito acaba ficando "banalizado", segundo o professor.

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