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20% dos alunos ainda estão sem uniforme

Na rede municipal, quem mudou de colégio ou ingressou na escola neste ano ainda não recebeu kit da prefeitura

Para poder participar de excursão, os estudantes emprestam uniforme de colegas que não vão ao passeio

José Araújo/Folhapress
De azul, alunos com uniforme da escola municipal Padre Manoel de Paiva, zona sul de São Paulo
De azul, alunos com uniforme da escola municipal Padre Manoel de Paiva, zona sul de São Paulo

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

A um mês do início das férias de julho, um em cada cinco alunos das escolas municipais paulistanas ainda não recebeu o uniforme encomendado pela prefeitura no começo do ano letivo.

De acordo com a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), basicamente não recebeu o material quem ingressou na rede neste ano ou mudou de colégio.

O motivo, segundo a administração, é que a medição desses alunos foi feita depois.

A previsão oficial é que todo o material esteja entregue "em meados" deste mês.

A Secretaria da Educação afirma que o processo é lento principalmente porque a rede é grande. Cerca de 636 mil alunos recebem os kits.

Diretores de colégios e sindicatos afirmam que o atraso na entrega está maior neste ano, o que a pasta nega.

IMPROVISO

A falta de uniformes faz com que os colégios públicos tenham de improvisar ou até cancelar atividades.

Uma diretora da região de Santo Amaro (zona sul) disse que cancelou atividades externas dos alunos, pois é difícil identificá-los sem uniforme em locais públicos.

No mês passado, as crianças do ensino infantil fariam piquenique num parque.

Outra dirigente, de unidade na Vila Carrão (zona leste), disse que, para participar das excursões, estudantes sem uniforme pegam peças emprestadas de colegas que não vão ao passeio.

Diretor de escola de ensino fundamental em São Mateus (zona leste) afirma que estudantes que não receberam uniformes vão "com roupa da moda ou de times de futebol", o que causa ciúmes nos demais estudantes.

"Toda hora precisamos pedir que maneirem nas roupas. E também precisamos atender às reclamações dos que não receberam os uniformes. Perdemos energia que deveria estar no ensino."

A verba neste ano para a compra das camisetas, meias, bermudas, jaqueta, calça e tênis é de R$ 80 milhões, dos quais R$ 50 milhões já foram pagos às 12 empresas que venceram a concorrência.

Em dezembro, as crianças já matriculadas foram medidas nas escolas. As empresas confeccionam as peças e mandam aos colégios, que distribuem os kits. "É tudo centralizado, demorado e exige mão de obra que não temos", disse o presidente do Sinesp (sindicato dos diretores), João Alberto de Souza.

Ele sugere a criação de postos pela cidade onde os alunos fossem medidos e, depois, as famílias retirariam as peças. "Seria mais rápido e não nos sobrecarregaria."

Para o presidente da Aprofem (sindicato docente), Ismael Nery Palhares Junior, "o triste é que estamos no meio do ano e os alunos estão sem uniforme, enquanto as empresas já estão ganhando".

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