Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Estiagem oficial' tem início com sertão nordestino já devastado

Época de seca começa em junho, mas região já encara racionamento de água e agricultura arrasada

'Tendência é piorar. Não vai mais chover e o calor só vai aumentar', diz chefe da previsão de tempo do Inmet

FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO

Com a agricultura já arrasada e as áreas urbanas enfrentando racionamento de água, o sertão nordestino ainda terá de encarar a estação oficial de seca, que só começa neste mês.

Todo o prejuízo registrado até agora aconteceu no que deveria ser a estação das chuvas na região. A época de estiagem -quando a temperatura na caatinga se aproxima dos 40°C- começa agora e se prolonga até o final do ano.

"Em termos climáticos, a tendência é piorar", diz o chefe da seção de previsão do tempo do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) em Recife, Ednaldo Correia de Araújo. "Não vai mais chover e o calor só vai aumentar."

Na Bahia, a estiagem já é considerada a pior das últimas quatro décadas pelo governo federal. Em outras áreas do Nordeste, é comparada à seca na região entre 1997 e 1998.

O Ministério da Ciência leva em conta quantidade e distribuição das chuvas para aferir a intensidade da seca.

Em 1998, a estiagem atingiu a população do Nordeste até o fim do ano. Em agosto, o governo federal indicava que 1.314 cidades encontravam-se em "situação crítica".

Neste ano, dos 1.794 municípios do Nordeste, 997 já decretaram emergência. O Exército coordena uma operação para levar água em carros-pipa a 2,8 milhões de pessoas.

Os registros do Inmet mostram que, em 2012, choveu abaixo da média no semiárido. Em muitas localidades, a estiagem começou em março, quando parte das lavouras estava em crescimento ou ainda em fase de plantio.

Em Petrolina (a 780 km de Recife), choveu só 104,6 mm de janeiro a maio, quando a média histórica é de 410,5 mm.

Em março, abril e maio, o Inmet registrou apenas 0,6 mm de chuva no município, o equivalente à queda de 600 ml de água sobre uma superfície de um metro quadrado.

DESASTRE NATURAL

Em Patos, no sertão paraibano, o período chuvoso também acabou em fevereiro, com índices muito abaixo da média histórica. Segundo o Inmet, choveu 196 mm na cidade entre janeiro e abril, quando o esperado no período era 604 mm.

"Quando você entra num período de estiagem com um volume de água nos reservatórios já muito baixo, você vai ter um ano muito difícil. A seca do Nordeste neste ano é um desastre natural", disse Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do ministério.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.