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Obras de Volpi roubadas são avaliadas em R$ 7 milhões

Para crítico, há telas 'insubstituíveis' entre os trabalhos levados da casa de colecionador em outubro passado

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Especialistas na obra de Alfredo Volpi (1896-1988) avaliam em cerca de R$ 7 milhões as oito telas do artista roubadas em outubro da casa de um colecionador.

O roubo só foi divulgado pela polícia anteontem, com o objetivo de que novas informações auxiliem na investigação, hoje emperrada.

Entre os trabalhos, está uma tela da década de 60 intitulada "Elementos de Fachada e Bandeirinhas", em têmpera sobre tela, de 134 cm x 84 cm, estimada em pelo menos R$ 1,2 milhão.

Outras quatro telas têm avaliações na faixa de R$ 1 milhão, como é o caso de "Fachada em Azul e Vermelho" (início dos anos 60, de 59,5 cm x 38,3 cm).

Segundo o crítico Olívio Tavares de Araújo, profundo conhecedor da obra de Volpi e curador de várias exposições do artista, "Fachada em Azul e Vermelho" é "um dos mais mais belos quadros" que ele já viu dentre a produção do ítalo-brasileiro.

O crítico foi um dos que auxiliaram a reportagem a estimar o valor dos quadros, ao lado de colecionadores que pediram anonimato.

Araújo considera que as obras roubadas são "absolutamente valiosas" e, à exceção de "Bandeirinhas Estruturadas com Mastros" (semelhante a muitos trabalhos que há de Volpi no mercado) e da natureza-morta "O Manequim" (um estudo), são todas "insubstituíveis".

Por segurança, o nome do colecionador não foi divulgado pela polícia. É um comerciante do mercado de artes.

A família dele estava em casa no dia 31 de outubro de 2011, quando ocorreu o roubo. O caseiro da residência foi sequestrado em Cotia pelos bandidos e os levou ao local do crime, no Jardim Europa.

A polícia divulgou o vídeo gravado pelas câmeras do circuito interno da residência, que mostram a ação rápida dos ladrões.

Além dos oito Volpi, foi roubado uma obra do artista Ivan Serpa (sem título, óleo sobre tela de 98 cm x 130 cm, de 1957). Os especialistas ouvidos pela reportagem não estimaram o valor da obra.

O delegado Paul Henry Verduraz, titular do 15º DP (Itaim Bibi), que investiga o roubo, disse acreditar que se trata de um crime encomendado por um colecionador, "alguém que não vai revender, que quer só contemplar".

Ele não quis informar o valor estimado das obras, alegando que isso pode estimular outros crimes.

Tanto o delegado quanto fontes ligadas à família descartaram relação entre o crime e a disputa entre herdeiros pelo espólio de Volpi que se desenrola na Justiça.

Verduraz não elimina a possibilidade de as obras estarem fora do país. "É muito fácil. Basta tirar a moldura e enrolar as telas."

FEIRINHA

Este é pelo menos o terceiro roubo de obras de Volpi de que se tem notícia nos últimos anos.

Há dois anos, o Deic, departamento da polícia que investiga o crime organizado, recuperou telas furtadas meses antes de uma neta do pintor. Os trabalhos foram encontradas com receptadores no bairro de Moema e na feirinha de artes do Embu.

Os receptadores foram soltos. "Por receptação você não fica preso nem por uma semana", declarou o delegado Verduraz.

Em 2009, o Gaeco, grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público, recuperou uma tela roubada sete anos antes.

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