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Nome composto em inglês vira febre em prédios de SP

Termos como 'Garden Living', 'Clubs' e 'Towers' se espalham pela cidade

Levantamento da Folha mostra que 80% dos lançamentos têm nomes estrangeiros, em inglês principalmente

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

A foto do saxofonista foi colocada no saguão do prédio em Perdizes, zona oeste paulistana. Pôr o quadro ali foi ideia de um síndico para que as pessoas soubessem quem era o músico americano que dá nome ao edifício: Mansão Charlie Parker.

O exemplo resume uma febre que ganha cada vez mais força no mercado imobiliário: nomear edifícios com palavras estrangeiras, numa proliferação de "gardens", "maisons", "châteaux" "parks", "places", e por aí vai.

Levantamento da Folha feito nos sites de cinco grandes construtoras mostra que aproximadamente oito em cada dez novos empreendimentos têm nomes em outros idiomas, a maioria deles em inglês.

O modismo ganhou novo componente nos últimos anos: um festival de nomes compostos. Em seus lançamentos, as incorporadoras lançam projetos com temas pomposos. Para incorporadores, puro estilo. Para críticos, deslumbramento.

Mas o fato é que a nomeação é fruto de estratégias calculadas de marketing para atrair compradores.

A Brookfield, por exemplo, está vendendo na Saúde (zona sul) o Gardens Living Club. No Jardim Anália Franco (zona leste), há o Welcome, da Cyrela. Em Higienópolis (zona oeste) existem nomes como The Parliament.

SOFISTICAÇÃO

Embora o fenômeno do estrangeirismo seja mais forte nos últimos anos, começou a ser empregado na década de 1940, explica José Eduardo de Assis Lefèvre, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP).

"É uma questão de moda, que tem a ver com hábitos culturais de determinados momentos", afirma.

"Com a consolidação da forma de construir através de incorporadoras, o apelo comercial se tornou mais forte, com o nome sendo usado para agregar valores de referência ou de sofisticação", diz.

Elbio Fernández Mera,vice-presidente de comercialização e marketing do Secovi, associa as nomeações ao conceito arquitetônico vigente.

Segundo ele, os projetos de arquitetos vêm privilegiando prédios com linhas mais retas e muitos vidros para dar sensação de transparência.

Esse é o estilo que vem sendo adotado nos Estados Unidos nos últimos 15 anos. "Quando privilegiamos esse tipo de produto, acaba-se usando mais termos em inglês, talvez por ser um modelo frequente nos EUA", diz.

Ele afirma que muitas vezes se associa o nome estrangeiro ao do bairro. Perdizes Tower não deixa negar.

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