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Análise

Por sorte, poucos são os prédios lembrados por seus nomes

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

"Escreva bois. Boi, o marido da vaca. Fala-se 'boá', mas escreve bois. 'Boá de bolonhe'. B, o, u, l, o, g, n, e."

Parece cena de comédia, mas aconteceu de fato. Era um morador de um edifício de São Paulo tentando explicar ao interlocutor, pelo telefone, a grafia correta do nome de seu condomínio.

Não culpe o interlocutor, mas a incorporadora, que deve ter achado chique homenagear o parque parisiense onde ocorreu o voo do 14 Bis de Santos Dumont em 1906.

A escolha de nomes estrangeiros para os prédios, muito comum em São Paulo, parte da ideia de dar um ar de sofisticação ao empreendimento. Com isso, sobram "maisons", "palaces", "gardens" "centers" e, mais recentemente, "prime" e "premium".

Geralmente, os nomes são definidos pelo departamento de marketing das construtoras para atrair compradores.

Caso os moradores ou trabalhadores dos prédios tenham dificuldades na hora de pronunciá-los ou escrevê-los, isso é outro problema.

Por sorte, no Brasil são poucos os prédios que são lembrados por seus nomes de batismo. Alguns exemplos de São Paulo são Martinelli, Bretagne ou Cinderela, devido à importância arquitetônica.

Muitos terão de pensar bastante para lembrar o que está escrito nos seus edifícios. Alguns acabam famosos, mas a origem dos nomes se perde.

O Copan, por exemplo, marco arquitetônico no centro de São Paulo projetado por Oscar Niemeyer, remete à Companhia Panamericana de Hotéis e Turismo, criada nos anos 1950 para a construção do empreendimento. Ali estava previsto um complexo hoteleiro, que não saiu do papel.

Em Nova York, um edifício de nome sem graça (Dakota) acabou mundialmente famoso por outras razões.

Construído no século 19 ao lado do Central Park, ele foi cenário de "O Bebê de Rosemary", terror dirigido por Roman Polanski, em 1968.

Em dezembro de 1980, John Lennon, um de seus moradores, foi morto ali por Mark David Chapman.

Apesar desse (mau) histórico, há vários edifícios Dakota em São Paulo, e seus moradores devem ter de dizer: "é com K, com K".

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