Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Acordo final vai depender de liderança brasileira

Conferência começa hoje, mas países ainda estão distantes do consenso

Texto 'O Futuro Que Queremos' deve ser cortado de 86 para 50 páginas antes de ser negociado na cúpula

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DENISE LUNA
DO RIO

A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável começa hoje no Riocentro com todas as esperanças depositadas no Brasil.

O anfitrião é o país mais habilitado a romper os tradicionais impasses entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento, que ameaçam produzir um resultado final aguado no encontro.

Pessoas que acompanham o processo dizem esperar que o Brasil sintetize em um texto os objetivos do encontro de forma mais ousada que o documento que está sobre a mesa, "O Futuro que Queremos".

É prerrogativa da presidência da Rio+20 fazer isso caso haja dificuldades em avançar. Um embaixador europeu disse à Folha que a UE apoiaria uma iniciativa do tipo.

O Brasil, até aqui, tem sido criticado pela relutância, falta de liderança e por ter deixado a ONU ditar a agenda.

As negociações formais do documento serão abertas hoje, após sessões de discussões informais, com consenso em apenas um quarto do texto.

O rascunho precisa ser reduzido de 86 para 50 páginas antes de ser levado aos chefes de Estado.

Os principais eixos do texto estão longe de acordo. São eles: o status dos órgãos da ONU que cuidarão de questões ambientais; a economia verde e a avaliação do progresso feito desde a Rio-92.

Países desenvolvidos tentam retroceder em um dos pilares da diplomacia ambiental, o princípio das "responsabilidades comuns, mas diferenciadas". Adotado na Rio-92, prevê que a fatia do leão da conta pela degradação ambiental cabe aos ricos, já que eles consumiram recursos e poluíram o mundo em seu desenvolvimento.

Países como os EUA veem o princípio como subsídio aos emergentes. Os países em desenvolvimento, por sua vez, têm dificuldades com metas de economia verde. Enxergam o conceito como um cavalo-de-troia para a imposição de barreiras não tarifárias aos seus produtos.

AGÊNCIA

O único tema no qual não existe divisão clara entre ricos e pobres é o futuro do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Europeus e africanos querem transformá-lo numa agência independente da ONU; emergentes e EUA querem só que ele seja reforçado. O Brasil já começou a fazer consultas para tentar sair do impasse nesse tema.

Ontem a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou também que os ministros darão uma força aos diplomatas. "Os ministros vão fazer diálogos bilaterais buscando produzir consensos, pontos que merecem a interferência deles."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.