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Prefeitura vai investigar contrato de vagas do shopping Higienópolis

Ex-diretora de administradora de empreendimento diz que houve propina para liberar obra

Funcionários dos dois estacionamentos afirmam que nunca houve local reservado para os clientes

DE SÃO PAULO

A Corregedoria-Geral do Município vai investigar se o shopping Pátio Higienópolis tem o número de vagas de garagem exigidas pela Prefeitura de São Paulo.

Para conseguir autorização para realizar obras de ampliação, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) exigiu, em 2008, que o shopping tivesse 1.994 vagas de estacionamento. Os quatro andares de garagem, no entanto, comportam 1.524.

Para atender a exigência, o empreendimento apresentou à CET, em agosto daquele ano, um contrato com a empresa Riti (atual Estapar) para a reserva de 470 vagas em duas de suas garagens, nas ruas Itacolomi -a um quilômetro do shopping- e Maranhão, a 350 metros.

Daniela Gonzalez, ex-diretora da BGE, empresa do grupo Brookfield que administra shoppings, afirma que o contrato é falso e que foi paga propina para que a CET aceitasse o documento.

Na versão de Daniela, a propina, no valor de R$ 133 mil, foi paga a Hussain Aref Saab, ex-diretor do setor que aprova prédios, para que ele intermediasse o assunto.

A Estapar -que comprou a Riti Estacionamentos em dezembro de 2010- negou que o contrato seja falso e afirmou que as vagas estão disponíveis aos clientes.

Mas a BGE, que administrava o shopping, deu uma versão diferente. Informou que as vagas não estão sendo mais usadas porque não são mais necessárias, já que as obras terminaram.

A CET afirma que o shopping precisa, sim, manter essas vagas para atender às exigências legais.

Pelo contrato, as garagens deveriam estar disponíveis de segunda a domingo das 9h às 23h. O estacionamento da rua Itacolomi não funciona nesse horário -aos sábados fecha às 19h e só abre aos domingos para clientes do laboratório Fleury, vizinho.

A Folha esteve nos dois estacionamentos ontem e os funcionários disseram que não há nem nunca houve nenhuma vaga disponibilizada para o shopping. Funcionários dos estacionamentos até estranharam a informação de que haveria convênio com o shopping.

APURAÇÃO

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) afirmou ontem que determinou ao secretário dos Transportes, Marcelo Branco, que ele apure pessoalmente se há alguma irregularidade no caso.

"A prefeitura precisa saber mostrar à cidade de São Paulo que ela é séria, é isenta, que as coisas estão sendo bem conduzidas. Mas assumo o compromisso que, erros que sejam identificados, serão punidos e revistos."

As secretarias dos Transportes e das Subprefeituras informaram que farão uma vistoria nos dois estacionamentos hoje para verificar se eles cumprem as exigências. A Folha apurou que, se for constatada a irregularidade, a CET deve cassar o atestado que aponta que o shopping cumpre as exigências. Com isso, o alvará deve também ser cassado e o shopping pode ser interditado.

Colaborou CRISTINA MORENO DE CASTRO

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