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Alunos da Unifesp decidem manter greve e protestos

Estudantes da universidade programaram ato em repúdio à prisão de colegas

Manifestação deve ocorrer hoje na avenida Paulista; em carta, professores criticam estudantes grevistas

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Após serem presos acusados de depredar o campus de Guarulhos da Unifesp, alunos da universidade federal vão manter a greve de estudantes que já dura cerca de 80 dias e prometem novas manifestações.

O blog do movimento anuncia um protesto na avenida Paulista para a tarde de hoje. Chamado de "ato contra a barbárie", a manifestação será em repúdio à prisão de 22 alunos na última quinta-feira e à ação da PM, que usou bombas de efeito moral e balas de borracha para retirar os alunos do campus.

Segundo a PM, a medida foi necessária porque alunos cercaram funcionários e ocuparam salas da direção.

Os estudantes foram presos por policiais federais, que os acusaram de dano ao patrimônio e formação de quadrilha. Os alunos dizem que o ato foi pacífico.

"É um absurdo que alunos de ciências humanas, que serão professores em redes de ensino público, sejam criminalizados porque protestam justamente contra a má qualidade de ensino", disse o estudante de história da arte, Roger Sanasci, 33, um dos presos na noite de quinta.

Solto na madrugada de sábado, ele disse que a paralisação de alunos vai persistir até que a direção da Unifesp mostre de que maneira vai resolver problemas de infraestrutura no campus, como a construção do prédio principal, que nunca saiu do papel.

Além disso, a unidade de ensino tem um refeitório improvisado e salas abafadas.

Os estudantes pedem também a revisão nos valores das bolsas oferecidas, como as de moradia e alimentação (leia quadro ao lado).

Há pelo menos um mês, professores de universidades federais do país estão em greve por melhorias salariais (leia texto nesta página).

Porém, em carta, um grupo de professores condenou a ação dos estudantes da última quinta-feira.

"O que os alunos faziam ali não era ato político pacífico, eles estavam caçando o direito de ir e vir dos professores e funcionários que eles acuaram", diz o texto, assinado por Ana Nemi, professora de História, com outros onze colegas. A Unifesp de Guarulhos tem cerca de 160 professores.

A docente defendeu a ação da PM. "O que a polícia fez foi retirar os alunos de lá para que os professores e funcionários pudessem retornar do trabalho para suas casas." Sanasci diz que ela mente.

Na semana passada, o MEC criticou os estudantes, mas disse reconhecer a necessidade de melhorias e que uma audiência entre alunos e diretoria ocorre nesta semana.

Em entrevista à Folha em maio, o diretor do campus da federal de Guarulhos, Marcos de Freitas, disse que a licitação para a reforma do prédio foi concluída.

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