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Greve força pais a improvisar aulas na Bahia

Paralisação de professores já dura 74 dias; alunos recorrem a docentes particulares

EDER LUIS SANTANA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SALVADOR

Com a paralisação de professores na Bahia, que já dura 74 dias, pais de alunos pagam aulas de reforço e cursinhos para o vestibular, além de estudar com os filhos.

O sindicato dos docentes calcula em 1,2 milhão o número de alunos prejudicados. Para o governo, são 692 mil.

Na casa dos empresários Antonio Moura, 62, e Nadja, 42, o gasto extra com os dois filhos é de R$ 560 por mês.

Guilherme, 12, na quinta série, tem aulas de português e matemática duas vezes por semana com um professor particular. História, geografia e filosofia os próprios pais ensinam. Já Maria, 17, está fazendo cursinho. "É um investimento necessário para eles não ficarem atrasados no conteúdo", diz Antonio.

Maria, que quer cursar medicina, é contra a decisão do governo de retomar as aulas do terceiro ano na segunda-feira, com 1.200 professores temporários e em fase de experiência. "Não resolve o problema e esquece dos demais alunos", afirma.

Os professores pedem reajuste de 22,22%. O governo oferece 14%, escalonados.

ORÇAMENTO PEQUENO

Enquanto o impasse não é resolvido, a situação se complica para a doméstica Edineusa Serra, 40. Com renda mensal de R$ 622, ela não tem como pagar reforço escolar para os filhos de 13 e 17 anos.

Isaac, o mais novo, está na sétima série e tem de se ajustar ao ritmo de estudo imposto pela mãe. "Cobro todo dia para que estude um assunto. E, quando chego em casa, revisamos o que foi estudado", diz. A filha mais velha, Bruna, que vai fazer vestibular, ganhou do tio um computador para ajudar nos estudos.

Já o comerciante Hamilton Carvalho, 46, buscou uma escola particular para o filho, Bruno Souza, 12, mas as mensalidades de R$ 350 não cabem no seu orçamento.

Hoje, o jovem fala sem empolgação sobre sua rotina: "Levanto da cama às 10h, jogo videogame e, à tarde, leio notícias sobre futebol na internet".

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