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Vila Madalena define traçado de seu plano de bairro

Propostas serão apresentadas à Prefeitura de São Paulo; próximo passo é transformá-las em projeto de lei

Ampliação das calçadas e estacionamentos para o comércio nos novos prédios estão entre as propostas do documento

AMANDA KAMANCHEK
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Eu conseguia ver o Pico do Jaraguá do meu ateliê, mas os prédios erguidos cortaram toda a paisagem. Hoje, só vejo concreto", diz Gustavo Freiberg, 63, da Associação Casa da Cidade, espaço de discussão de temas como urbanismo e meio ambiente.

A vista não vai voltar, mas agora há uma chance de não ficar ainda mais restrita.

Nas próximas semanas, os moradores da Vila Madalena, como ele, serão apresentados ao plano de desenvolvimento sustentável do bairro da zona oeste de São Paulo.

O plano surgiu como reação ao movimento de moradores que recolhia assinaturas a favor do tombamento parcial do bairro. A Idea!Zarvos (construtora que tem na Vila seu principal foco), arquitetos, urbanistas e intelectuais do bairro propuseram aos moradores encontros para debater os problemas da região.

Os moradores contrários à verticalização pediram então que o escritório de arquitetura Idea!Zarvos apresentasse um plano de bairro.

O projeto foi concluído no mês passado e está sendo apresentado pouco a pouco aos moradores e comerciantes. Alargamento de calçadas, revitalização de praças e inclusão de artesãos na região estão entre as propostas.

"A prioridade é construir calçadas que drenem a água e um parque linear para barrar as enchentes", diz Otávio Zarvos, proprietário da incorporadora Idea!Zarvos.

Problema comum na Vila Madalena, as enchentes são resultado do soterramento do rio Verde. "A rua Wizard, em dias chuvosos, vira uma represa", diz Ricardo Santini, proprietário da casa de jazz The Orleans.

Outras propostas são a troca de ônibus por micro-ônibus e a construção de estacionamentos rotativos nos novos edifícios residenciais, para evitar que os frequentadores da Vila estacionem na rua.

PLANO DE BAIRRO

Gustavo Freiberg, que mora na Vila há 34 anos, já viveu o melhor e o pior do bairro. Do surgimento do cinema independente e de músicos proeminentes como Arrigo Barnabé até o início dos problemas de trânsito e da especulação imobiliária. Tudo ali no seu "quintal".

Agora, ele se diz "confiante" com o projeto, desenvolvido pela empresa americana Aedas, que tem experiência semelhante de urbanismo em bairros de Nova York.

Previstos no Plano Diretor, os Planos de Bairro reveem os problemas de uma região a partir da participação popular em fóruns e assembleias.

Após uma série de discussões, é apresentado ao poder público e pode ser transformado em lei. Até hoje, só o bairro de Perus (zona norte) construiu um plano. Virou projeto de lei, e agora tramita pelas comissões da Câmara de Vereadores.

PARTICIPAÇÃO

"Vamos fazer uma nova rodada de discussão deste material com os moradores, antes de entregá-lo para a prefeitura", diz Otávio Zarvos.

Para quem está na Vila, a principal preocupação é garantir que novos empreendimentos como shoppings e torres comerciais permaneçam longe. "Um shopping daria fim a todos os pequenos comércios, tão charmosos, colocando todos os serviços num só lugar", diz Daniela França, dona do Lola Bistrot.

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