Agência diz que não embarcará ninguém

Após dias de silêncio, a agência Trip & Fun, responsável pela viagem de formatura de jovens que iriam para Cancún, no México, disse ontem que ninguém mais embarcará pela empresa por enquanto.

A informação foi dada em resposta a um ofício enviado pela ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens).

Há cerca de 6.000 contratos firmados até 2013. O documento fala em "reestruturação" da agência e posterior ressarcimento aos clientes.

Ainda no ofício, a Trip & Fun afirmou que suspendeu o atendimento aos clientes "para proteger a integridade física de nossos colaboradores, ameaçada por atos de vandalismo".

A empresa diz que trará de volta quem já está fora do país -há cerca de 400 jovens nos EUA, México e Argentina, e devem voltar até o dia 19.

Audrey Plácido Campanha, 45, mãe de uma jovem, diz que, ao chegar ao México, o grupo da filha descobriu que o voo interno, para chegar a Cancún, não estava reservado, bem como hotel e traslado.

A Folha tentou falar com a agência, que não respondeu.

NO AEROPORTO

Na madrugada de ontem, mais um grupo que ia para Cancún não conseguiu embarcar no aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo).

As famílias desembolsaram cerca de R$ 5.000 pela viagem. Segundo Soraya Zanatta Sena, 37, mãe de uma jovem, a Trip & Fun não avisou os clientes.

"Ficamos sabendo pela imprensa e viemos até aqui porque recebemos orientação jurídica, porque o contrato diz que, caso o contratante não apareça, perde todo o direito."

Segundo o presidente da ABAV-SP, Edmar Bull, a Trip & Fun alega dificuldades financeiras, agravadas desde a epidemia de gripe suína no México, em 2009, e as cinzas do vulcão Puyehue, no Chile, no ano passado. "Não é justificativa, todas as agências passaram por isso." A empresa foi suspensa da associação.

Sobre os jovens que não embarcaram na segunda, a Trip & Fun afirmou à ABAV que os "recursos financeiros recebidos foram devidamente transferidos" aos fornecedores.

O diretor comercial da companhia aérea Whitejets Airways, Stefan Buchle, 42, negou. Ele diz que o valor repassado foi muito pequeno. "Deu pra ver nitidamente que eles estavam desesperados pela falta de dinheiro", afirmou.

O Procon de Santo André entrou em contato com Procon-SP, Promotoria e Justiça para a adoção de medidas.

O delegado Celso Corrêa Júnior, do 13º DP (Casa Verde), abriu inquérito. Caso fique provada a intenção de enganar os clientes, os responsáveis podem responder por suspeita de estelionato.