Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Orçamento dobra, mas federais ainda têm obras paradas

Alvo de programa de expansão pelo governo federal, universidades possuem 178 construções empacadas

Em Alagoas, instituição tem 11 contratos emperrados, entre eles duas unidades que vão abrigar salas de aula

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Mesmo com o dobro do orçamento de 2008, as universidades federais têm hoje 178 obras paradas ou canceladas.

O montante representa 5% das ações previstas -e não considera as obras atrasadas.

Os dados foram levantados pelo próprio Ministério da Educação, a pedido da Folha.

Detalhamento do orçamento mostra que, em valores corrigidos, a verba para investimento, que inclui construção, cresceu 142% de 2008 a 2012 -de R$ 1,2 bilhão para R$ 2,9 bilhões; a de manutenção, prevista em custeio, subiu 78% -de R$ 2,7 bilhões para R$ 4,8 bilhões.

O aumento de recursos, porém, não foi suficiente para a conclusão de todas as obras previstas no programa de expansão, chamado de Reuni.

A federal de Roraima, que possui 11 obras com problemas, não conseguiu entregar, por exemplo, dois centros de pesquisa e a reforma do restaurante universitário.

Na federal de Alagoas, também com 11 obras paradas, está pendente a construção de salas de aula em Viçosa e Palmeira dos Índios.

A associação que representa os reitores e o Ministério da Educação dizem que as obras emperraram principalmente por culpa das empresas vencedoras das licitações, que não cumpriram o contrato.

A Folha apurou, porém, que a avaliação interna do ministério é que faltou melhor gestão de algumas universidades nas exigências para contratação e no acompanhamento das obras.

A pasta avalia como satisfatória a liberação dos recursos (empenho de 90% em 2010 e 85% em 2011).

O presidente do Conselho Latino Americano de Escolas de Administração, Antonio de Araujo Freitas Junior, diz que há problemas nas obras porque "o Executivo fornece recursos para a superação das deficiências, mesmo que o problema seja administração ineficiente do gestor".

DEFICIT DE OBRAS

Iniciado em 2008 e com previsão de término para este ano, a expansão da rede federal (programa Reuni) é criticada pelo movimento grevista dos docentes, que começou há quase dois meses.

"Mesmo que essas obras paradas acabassem, continuaria a necessidade de melhorias de infraestrutura, construção de salas e de laboratórios", afirma a presidente do Andes (sindicato docente), Marinalva Silva Oliveira.

As matrículas na rede cresceram 30% entre 2008 e 2010 (último dado disponível).

"O governo quer vender a ideia de que as obras paradas são o único problema, para não mostrar que faltam professores e técnicos", afirma.

Antes da expansão, diz ela, um professor era responsável por cerca de dez alunos, em média. Agora, são 18.

O sindicato diz que os docentes estão sobrecarregados. O governo entende que eles estavam subutilizados.

O desempenho das instituições federais na avaliação nacional de qualidade não sofreu alterações no período. O Andes afirma que o indicador não capta as condições do ensino.

NA INTERNET
OPINIÃO
Professores criticam a expansão das federais
folha.com/no1117547

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.