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Piloto sem habilitação lançou paraquedistas

Permissão para transportar paraquedistas está vencida desde outubro de 2006, de acordo com registros da Anac

Alex Adelman morreu após ser atropelado em pleno ar por avião, que, dizem técnicos, fazia manobra irregular

RICARDO GALLO
REYNALDO TUROLLO JR.
DE SÃO PAULO
DANIEL CARVALHO
ENVIADO ESPECIAL A BOITUVA

O piloto do avião que atingiu um paraquedista no ar em Boituva (a 121 km de São Paulo) está com a habilitação para lançar paraquedistas vencida desde outubro de 2006, de acordo com os registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

A habilitação específica para lançamento de paraquedistas é obrigatória. Douglas Leonardo de Oliveira, 35, também está com o exame médico vencido desde 15 de maio de 2012, ainda segundo os dados da Anac, que podem ser consultados no site da agência. Ele tem autorização em dia para voar alguns tipos de aviões, entre os quais o Cessna no qual estava -o que não é suficiente.

A Folha tentou falar com ele ontem à noite, mas não conseguiu. Em depoimento à polícia à tarde, ele disse que tinha mais de 7.000 horas de voo e que já trabalhou em companhias aéreas de transporte regular. Mais cedo, disse ter sido uma fatalidade o que aconteceu.

O paraquedista Alex Adelman, 33, morreu. Ele filmava um salto duplo de outros dois paraquedistas quando foi atingido pela asa do avião. Alex foi jogado contra outros dois paraquedistas, que fraturaram as pernas.

Ontem, o piloto disse à polícia que fez uma manobra conhecida como "mergulho", em que o avião desce na vertical, após o salto dos paraquedistas.

De acordo com Roberto Peterka, ex-técnico do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção a Acidentes Aéreos), essa manobra é irregular. O presidente da Federação Paulista de Paraquedismo, Francisco Leite de Carvalho, disse o mesmo.

"Ao piloto é solicitado [pelo paraquedista] que faça esse mergulho para a filmagem. Quando o avião lançou [o paraquedista com a câmera], em seguida ele embicou na vertical. O paraquedista foi para baixo do avião e o avião, vindo na vertical, bateu no cameraman", disse Carvalho.

O delegado que investiga o caso, Carlos Antônio Antunes, não soube informar se a manobra é proibida.

Segundo ele, técnicos do Cenipa que periciaram o avião ontem pela manhã informaram que não há irregularidades na aeronave e na documentação dela.

Ontem, a polícia procurou o vídeo feito por Adelman no canavial próximo ao local de pouso, onde Alex caiu, mas, até o início da noite, não havia encontrado nada.

Outros quatro paraquedistas saltaram antes das vítimas e não se feriram, segundo a polícia.

Colaborou LÉO ARCOVERDE, do "AGORA"

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