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USP mapeia artistas e artesões do Bexiga

Pesquisa inédita do Centro de Preservação Cultural revela 47 pontos de cultura na região central paulistana

'Nos surpreendemos ao encontrar saberes que são passados de geração para geração', afirma a pesquisadora Rose Satiko

Eduardo Knapp/Folhapress
Casas no cruzamento das ruas Jaceguai e Jardim Heloísa, no tradicional bairro paulistano do Bexiga
Casas no cruzamento das ruas Jaceguai e Jardim Heloísa, no tradicional bairro paulistano do Bexiga

MARIANA DESIDÉRIO
DE SÃO PAULO

De ruas estreitas e casinhas coloridas, o Bexiga, no centro paulistano, conserva lugares e figuras raras numa cidade como São Paulo.

É ali que trabalha, há 41 anos, o relojoeiro Baltazar Joaquim de Paula, 71. Com movimentos precisos e uma paciência mineira, ele conserta relógios de todos os tipos. Nascido em Passos, em Minas, foi no Bexiga que conseguiu fazer a vida. "Para mim, é um lugar que significa sorte."

Para preservar histórias como a dele, o CPC (Centro de Preservação Cultural) da USP fez um mapeamento inédito dos artistas e artesãos dali.

O bairro foi criado por imigrantes italianos no século 19 e é reconhecido pelas cantinas, o samba, os teatros e o jeitinho de cidade do interior. Oficialmente, a região é chamada de Bela Vista, mas o antigo nome ainda prevalece.

O levantamento do CPC registrou 47 pontos, entre casas de restauro, padarias, oficinas de costura e sapatarias. Além dos artistas (grupos de teatro, músicos e artistas plásticos) e centros culturais.

Como seu Baltazar, muitos estão ali há décadas.

"Nos surpreendemos ao encontrar muitos saberes que são passados de geração para geração e que estão ligados a uma tradição no bairro", diz a antropóloga Rose Satiko, vice-diretora do CPC e responsável pela pesquisa.

O levantamento inclui vídeos, fotos e textos. O material foi produzido em oficinas com moradores e trabalhadores da região, que indicaram artistas e artesãos que conheciam da vizinhança.

Morador do Bexiga há oito anos, o produtor de vídeos Rogério Leite, por exemplo, fez um documentário sobre as aulas de bateria da Vai-Vai.

"De casa, sempre ouço as crianças ensaiando na bateria. Quando surgiu a oficina, quis documentar. É uma forma de as pessoas terem acesso a essas figuras que fazem arte no bairro", diz.

A escolha do Bexiga levou em conta a localização do CPC. Criado em 2002, o centro fica na região, na Casa da Dona Yayá, e reúne professores de antropologia, história, comunicação e arquitetura.

O material será exposto no CPC a partir de 23 de agosto e também vai o site do projeto.

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folha.com/fg8622

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