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Shopping Higienópolis consegue liminar para impedir fechamento

Juiz aceita tese de que as 1.994 vagas de garagem exigidas só devem ser oferecidas após reforma

Prefeitura ainda pode recorrer para manter decisão de interditar local, o que estava previsto para o dia 27

ROGÉRIO PAGNAN
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A Justiça concedeu uma liminar que impede a interdição do shopping Pátio Higienópolis, acusado de ter se beneficiado de pagamentos de propina para obter licenças da Prefeitura de São Paulo.

A decisão do juiz Emílio Magliano Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública, saiu ontem à noite. A interdição estava prevista para o dia 27. A prefeitura, que pode recorrer para tentar fechar o shopping, não quis se manifestar.

O alvará do Higienópolis havia sido cassado na semana passada porque o estabelecimento não tinha comprovado que disponibiliza o número de vagas de estacionamento exigido pela legislação.

A exigência da prefeitura era que o shopping tivesse 1.994 vagas. Como os quatro andares de estacionamento comportam, no máximo, 1.524, de acordo com o projeto, ele teria de comprovar que tinha mais 470 vagas em garagens externas conveniadas.

Segundo Daniela Gonzalez, ex-diretora financeira da BGE, empresa que administrava o shopping até ano passado, Hussain Aref Saab, ex-diretor do Aprov (departamento da prefeitura responsável por aprovar edificações), recebeu propina para garantir que a administração fizesse vistas grossas a um contrato falso de convênio para essas vagas extras. Aref e BGE negam.

A Folha constatou que essas vagas -em dois estacionamentos que ficam a 300 metros do shopping, em um caso, e a 1 km, em outro- nunca foram utilizadas.

O Higienópolis argumentou -e o juiz aceitou a tese- que as 1.994 vagas seriam necessárias somente quando a ampliação do empreendimento estivesse concluída.

Com o tamanho atual, o shopping precisaria de apenas 1.428 vagas. Um fiscal da prefeitura atestou que existem 1.446 locais demarcados.

Magliano Neto determinou que seja realizada uma perícia de engenharia para aferir o número exato de vagas.

INVESTIGAÇÃO

O promotor Silvio Marques disse que, diante das irregularidades apuradas e suspeita de pagamento de propina, o local deveria ser fechado.

Já o promotor Valter Poleto Santin, responsável pelo inquérito específico sobre o Higienópolis, disse considerar "razoável" a decisão. Para ele, como o local funciona há muito tempo, o melhor é decidir com "mais calma".

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