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Antônia Pereira Braga (1900-2012)

Centenária quilombola de Mesquita

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

De acordo com os familiares, Antônia Pereira Braga fez 112 anos no último 2 de maio. Ou seja, quando nasceu, no quilombo de Mesquita, localizado no município de Cidade Ocidental (GO), a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, estava prestes a completar 12 anos, apenas.

Seus pais foram escravos e, como ela contava, ajudaram na construção de Luziânia (GO), cidade próxima, e de uma igreja de lá, a do Rosário.

Dona Antônia, como ficou conhecida, era a moradora mais antiga do quilombo. No início, morou em casa de taipa (a atual, como descrevem membros da comunidade, é de adobe, um tijolo de argila) e trabalhou com agricultura, atividade que garante a sobrevivência de Mesquita.

Foi casada, mas não teve filhos. O marido morreu há mais de 40 anos. Nos últimos tempos, recebeu os cuidados de uma sobrinha, Vicentina.

Tinha um grande sonho: conhecer pessoalmente seu maior ídolo, Luiz Inácio Lula da Silva, "o melhor presidente que os pobres já tiveram", como ela gostava de dizer.

Sonho que conseguiu realizar, segundo membros da comunidade. No últimos dias de mandato do petista, Antônia foi recebida em Brasília -o quilombo fica a cerca de 50 km da capital federal.

Ao ser questionada por Lula sobre qual seria a receita para chegar àquela idade com tanta lucidez, respondeu: "Não ter ódio no coração".

Era muito católica e frequentava a igreja de Nossa Senhora da Abadia.

Morreu na segunda-feira (16), em decorrência de uma insuficiência respiratória. O enterro foi realizado no cemitério do quilombo.

coluna.obituario@uol.com.br

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