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'Eu quero ela presa', diz pai de Vitor Gurman

Um ano após a morte do jovem, atropelado na Vila Madalena, ainda não houve nenhuma decisão da Justiça

Laudos divergem sobre velocidade; caso de advogada morta por Porsche no Itaim Bibi também está indefinido

Eduardo Knapp/Folhapress
Jairo Gurman, pai de Vitor Gurman, no escritório de seu advogado
Jairo Gurman, pai de Vitor Gurman, no escritório de seu advogado

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

O administrador Jairo Gurman, 54, diz que costuma acordar sobressaltado após sonhos com seu filho, Vitor Gurman. "Aindo levo sustos ao imaginar que ele está morto".

Vitor foi atropelado por um jipe Land Rover quando caminhava pela calçada da rua Natingui, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, em 22 de julho de 2011. Morreu seis dias depois, aos 24 anos.

Jairo faz uma campanha pela condenação por homicídio doloso (com intenção) da nutricionista Gabriella Guerrero, 30, que dirigia o carro.

Segundo a polícia, ela estava alcoolizada e em velocidade acima do permitido na rua (30km/h). Gabriella nega e diz que bebeu só um drinque.

Um ano depois, o Ministério Público não emitiu parecer. Isso porque, enquanto o Instituto de Criminalística diz a velocidade era de 57 km/h, perito contratado pela família diz que ela era, no mínimo, de 72 km/h.

Outro caso segue sem decisão. Em 8 de julho do ano passado, o Porsche conduzido pelo engenheiro Marcelo Malvio Alves de Lima bateu em alta velocidade contra a Tucson da advogada Carolina Menezes Cintra Santos, 28, que morreu.

Os dois casos foram registrados como dolosos. Agora, há dois caminhos: oferecer a denúncia como homicídio doloso ou desqualificar o crime para culposo (sem intenção). No primeiro, a pena é de prisão. No segundo, a praxe são penas alternativas.

No dia 28, parentes e amigos de Vitor farão um ato nas proximidades do acidente. Um documentário deve ser lançado em breve. Leia trecho da entrevista com o pai do jovem.

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Folha - Ainda não há nenhuma decisão judicial. O que a família acha disso?

Jairo Gurman - O sentimento é de indignação, revolta, dor e até de vergonha. Não dá para se conformar que, um ano depois, nada aconteceu.

O que a gente vê é que a impunidade prevalece. Independentemente das questões científicas, está claro que ela [Gabriella] estava em velocidade bem acima do permitido. Está claro que estava alcoolizada, conforme o exame de IML, mas aí eu soube que ele não serve para condená-la.

A lei diz que deve ser feito bafômetro e de sangue. Mas os advogados inventaram uma justificativa para a pessoa poder se recusar a fazer esses dois exames.

Entendo que hoje estão dizendo assim: pode matar que você não vai ser punido.

A família tem uma campanha?

São várias campanhas, principalmente as feitas pelos amigos. São milhares de mortos em atropelamento. Queremos que haja punição, que mudem as regras.

A família quer a prisão?

O que a família quer é a Gabriella presa. Ela merece a pena em função de ter assassinado o meu filho.

Seria o mesmo que colocar a motorista na condição de quem mata a tiros.

É o justo, porque ela matou. Houve um assassinato. Ele foi atropelado de costas, andando na calçada. Foi morto covardemente. Se não houver punição, será uma tragédia.

Como é a vida da família hoje?

Eu e minha ex-mulher tomamos remédios para segurar a dor, dependemos de tratamento psicológico.

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