Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Bope volta a ocupar favela após morte de PM

Fabiana de Souza foi morta em frente à UPP, no Complexo do Alemão; secretaria vê episódio como 'ousadia' do tráfico

É a primeira vez que o batalhão especial volta a ocupar uma favela supostamente pacificada no Rio

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Dois meses após deixar a favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) voltou a ocupar a área, por tempo indeterminado.

A decisão foi tomada pelo comando da Polícia Militar após o assassinato da policial Fabiana Aparecida de Souza, 30, a primeira lotada em uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) a ser morta em confronto com criminosos.

Dois homens foram presos, sob suspeita de envolvimento com o crime.

O Bope havia deixado a favela logo após a inauguração da UPP. Este é o procedimento padrão adotado sempre que há a implantação de uma unidade pacificadora: o batalhão especial ocupa a área, prepara a instalação da unidade e sai da região assim que ela entra em operação.

CERCO ARMADO

É a primeira vez que o batalhão especial volta a ocupar uma favela supostamente pacificada. Apesar disso, a Secretaria de Segurança do Rio não considera o episódio um sinal de fracasso.

"Não vou dizer que houve falha na pacificação. O Bope é parte do processo", afirmou o coronel Rogério Seabra, coordenador das UPPs.

A soldado havia acabado de tomar um lanche e estava parada diante da sede da UPP da favela de Nova Brasília, por volta das 21h da última segunda-feira, quando o local foi atacado por 12 homens armados.

Fabiana de Souza nem chegou a reagir. Ela levou um tiro de fuzil 7.62 que atravessou o colete a prova de balas e perfurou seu abdômen.

PAREDES

Ontem pela manhã era possível ver várias perfurações de bala nas paredes do prédio da UPP, inaugurada há três semanas pelo governador Sérgio Cabral (PMDB).

Vidros do prédio mostravam as marcas dos tiros de fuzil do dia anterior.

A cerca de 50 metros do prédio principal, um contêiner usado pelos policiais também mostrava marcas do tiroteio da véspera.

Apesar da violência do tiroteio, nenhum dos policiais que estavam na unidade ou morador dos arredores ficou ferido durante o confronto.

Na Secretaria de Segurança Pública, o crime contra a policial foi visto como um ato de ousadia dos traficantes.

De Londres, onde chegava para a abertura da Olimpíada, Cabral lamentou a morte da policial. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, está nos Estados Unidos, enquanto o comandante da PM no Estado participava de uma feira de segurança, em São Paulo.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.