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Moisés Tractenberg (1933-2012)

Judeu que lutou contra a circuncisão

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Moisés Tractenberg nunca se importou, no exercício da psicanálise, em levantar polêmicas, até com temas de sua própria religião judaica.

Pesquisou por anos até lançar em livro, nos anos 70, a tese contrária à circuncisão de meninos. Para ele, à luz da psicanálise, a retirada do prepúcio provoca um trauma precoce: o menino circuncidado vivencia, na prática, a angústia da castração, tema abordado na psicanálise.

Defendeu a tese em debates, inclusive na TV, com a presença de ilustres rabinos. Era membro no Brasil de uma organização contra a circuncisão -ato do qual não escapou, mas que se negou a reproduzir com os três filhos.

Gaúcho de Porto Alegre, Tractenberg estudou filosofia e medicina e depois se especializou em psiquiatria e psicanálise na Argentina.

Exerceu por muitos anos a profissão no Rio de Janeiro e, há cerca de dez anos, mudou-se para Ribeirão Preto (SP).

Nos últimos anos, dedicou-se ao estudo de bebês ainda no ventre da mãe. Defendia outro tema controverso, o de que já existe vida psíquica no bebê ainda em gestação.

A psicanalista do Rio Eliana Mello recorda-se de um Tractenberg sempre investigativo, "até seu último suspiro". Ela conta ainda que o amigo era uma das pessoas mais gentis que conheceu.

Escreveu ao longo da vida seis livros e era membro da academia de letras em Ribeirão, lembra o filho Regis, 36.

Morreu no domingo (22), de insuficiência respiratória, após lutar contra um câncer no intestino. Teve dois netos.

coluna.obituario@uol.com.br

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