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Passageiro pena para saber se voo é apertado

Na maioria das empresas aéreas, classificação de assento fica escondida

Estudo mostra que espaço entre as pernas, pouca inclinação e distância reduzida lideram desconforto

DE SÃO PAULO

Dá algum trabalho para o passageiro descobrir, antes de comprar a passagem, se um avião tem poltronas apertadas ou espaçosas.

Na maioria das empresas aéreas, a classificação dos assentos está escondida.

Na página da Webjet na internet não há nenhuma menção ao tamanho dos assentos; a informação só aparece depois que o bilhete é comprado, no comprovante de venda, afirma a companhia.

Mesmo na da Avianca, em que todos os aviões têm a melhor avaliação pela Anac, saber o espaço entre as poltronas exige ida a duas páginas (nos links "Quem somos" e depois "Avianca no Brasil" ou "Por que voar Avianca" e em seguida "Conforto").

Outra entre as melhores, a Azul faz referência apenas à venda de espaço extra -não à distância entre os assentos.

Já a TAM e a Gol mostram o dado na página de compra, mas não diretamente.

Na TAM, é preciso clicar sobre o número do voo e, depois, no ícone "Classificação Anac". O comprador é levado para outra página, em que são exibidas as aeronaves e as distâncias entre as poltronas (de "A" a "E", da mais espaçosa para a mais apertada).

Na Gol, o passageiro tem que clicar sobre o link sob a coluna "Paradas" para a classificação da Anac aparecer.

Uma vez adquirida a passagem, o passageiro consegue descobrir o nível de aperto ao entrar no avião; a etiqueta Anac é obrigatória.

CONFORTO

A pesquisadora Marina Greghi, 30, estudou o aperto dos aviões para a sua tese de doutorado, defendida neste ano na UFSCar.

Após entrevistar 377 passageiros em 36 aeroportos e outros 291 dentro de aviões, ela concluiu que o espaço entre as pernas, a pouca inclinação da poltrona, a distância reduzida estão entre os principais geradores de desconforto.

O tempo da viagem influencia na sensação de conforto, o que leva as companhias aéreas, diz, a oferecer voos com assentos mais espaçosos em rotas mais longas, mesmo dentro do Brasil.

A pesquisa teve a intenção de mapear, para a indústria da aviação, o que pode melhorar o conforto. Faz parte de um projeto no qual, além da federal de São Carlos, estão USP, UFSC e Embraer.

PREÇO MAIS EM CONTA

De maneira geral, o passageiro não se importa de ir apertado no avião, desde que a passagem seja barata -ou seja, ele baseia sua decisão de compra no preço, diz o professor da federal do Rio de Janeiro Elton Fernandes.

O aperto no avião, afirma, é um reflexo da competição acirrada no setor. "Reduzir a oferta de serviços implica botar o máximo de gente dentro do avião."

(RICARDO GALLO)

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