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O macaco de Nem

Bugio encontrado na Floresta da Tijuca teria sido solto por traficante dias antes da polícia prendê-lo

DIANA BRITO
DO RIO

O aparecimento de um bugio na Floresta da Tijuca, no Rio, intriga especialistas do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, em Guapimirim (a 85 km do Rio).

Animal exótico na região fluminense, ele foi capturado por bombeiros em uma casa na floresta em novembro.

O primata é nativo da região central do Brasil, em especial do pantanal sul-matogrossense. Como ele foi parar na floresta carioca é -quase- um mistério.

A principal suspeita é que ele pertencesse ao traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, que o teria libertado dias antes de a favela ser ocupada por forças de segurança e ele, preso.

"Moradores da Rocinha nos contaram que Nem tinha soltado um filhote de gorila, que seria um de seus animais de estimação. Como esse macaco é pequeno, preto e bem forte, é muito comum que as pessoas o confundam com um filhote de gorila", disse o veterinário Jeferson Pires.

Ele recebeu o primata no dia 5 de novembro no Centro de Recuperação de Fauna de Animais Silvestres, da faculdade de veterinária da Estácio, zona oeste da capital.

Segundo o advogado de Nem, Jaime Fusco, era comum encontrar seu cliente com um macaco. Ele não soube dizer, porém, onde foi parar o animal. "Era um macaco preto, mas não sei se era dele, nem tenho como saber se é esse ou não", disse.

"O animal ficava do lado dele [Nem] por afinidade, porque gostava dele. Mas era livre, ia para mata e voltava."

Um morador da Rocinha, que pediu para não ser identificado, contou à Folha que um dos seguranças de Nem costumava circular pela favela em uma moto, com o animal agarrado às costas.

De acordo com o morador, o animal era conhecido como o "Tião do Nem" e ficava preso num cercado na mata, no alto da favela.

Veterinários acreditam que o animal chegou ao Rio através do "mercado negro" de animais silvestres. "Soltar na mata é erro gravíssimo do ponto de vista da ecologia porque ele poderia desestabilizar o lugar", disse o veterinário Alcides Pissinatti, chefe do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro.

Ele busca um criadouro reconhecido pelo Ibama para abrigar o macaco, com idade estimada em cerca de 8 anos - animais da espécie vivem em média 10 anos.

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