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Jovens de classe média são suspeitos de 50 sequestros

Para a polícia, grupo de 16 rapazes cometia crimes para bancar festas, roupas e viagens

Quadrilha, que incluía universitários, atuava em bairros nobres como Moema, Brooklin, Vila Olímpia e Campo Belo

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Jovens de classe média, alguns estudantes universitários, mas que faziam sequestros-relâmpagos para bancar roupas de grife, festas, viagens e bebidas alcoólicas.

Esse é o perfil de 15 jovens com idades entre 18 e 21 anos, além de um adolescente, apontados pela polícia como integrantes de uma das quadrilhas mais atuantes nesse tipo de crime em São Paulo.

Até ontem, sete jovens haviam sido presos e o adolescente, apreendido. Outros oito rapazes estavam identificados e eram procurados pela Polícia Civil, que investigava o grupo havia sete meses.

Entre os presos, havia três universitários: Vitor Mendes Rodrigues de Lima, 20 (que cursa engenharia), Temístocles de Souza Oliveira, 21 (engenharia) e Michael Douglas Linhares do Nascimento (administração de empresas).

Outro jovem foi preso em um escritório de advocacia, onde era office-boy, na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, uma das vias comerciais mais nobres da capital.

Quando foi detido, seus colegas, revoltados, questionaram a prisão. Foram levados à delegacia, onde a polícia mostrou provas contra ele. Os companheiros se mostraram surpresos, diz a polícia.

"Todos tinham um padrão de vida médio, com família estruturada e não precisavam praticar esses crimes para conseguir as coisas", afirmou o delegado Eduardo de Camargo Lima, do 96º DP.

'BOYS'

O grupo praticava sequestros ao menos desde janeiro, principalmente em Moema, Vila Olímpia, Brooklin, Granja Julieta e Campo Belo, todos bairros de classe média alta.

Nos primeiros três meses, esses bairros tinham entre 30 e 35 sequestros-relâmpago ao mês; após iniciar a prisão dos suspeitos, em abril, a média baixou para de cinco a oito.

O cerco ao grupo começou com a prisão de Bruno Rodrigues Guedes de Jesus, 19, o "Playboy do Crime", em abril.

A polícia suspeita que a "quadrilha dos boys", como o grupo tem sido chamado, praticou 50 crimes desde janeiro. Eles tinham dois horários preferenciais para atacar: das 18h às 21h, quando as vítimas deixavam o trabalho, e no fim da madrugada, quando saíam de casas noturnas.

Com as vítimas, iam a caixas eletrônicos e a lojas. Em um caso, eles compraram garrafas de uísque de cinco litros e 72 latas de energéticos e fizeram questão de registrar tudo em fotografias. Nas fotos, apreendidas pela polícia, também exibem dólares.

Uma das vítimas foi um oficial da PM que trabalha na sede da Secretaria da Segurança Pública -ele foi atacado no Brooklin, na zona sul.

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