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Testemunha diz que contratou carro-forte para levar propina

Ex-funcionário da BGE diz que dinheiro foi para Aref e Aurélio Miguel

DE SÃO PAULO

Nova testemunha ouvida pelo Ministério Público de São Paulo confirma que a BGE, empresa do grupo Brookfield que gerencia shoppings, chegou a contratar um carro-forte para transportar propina.

A testemunha, cujo nome ainda é mantido sob sigilo, trabalhava na BGE e disse ter sido responsável pela contratação desse carro-forte no início de junho de 2009.

De acordo com a testemunha, o dinheiro seria destinado à liberação de obras irregulares de expansão do shopping Pátio Paulista e foi entregue ao empresário Pedro Augusto Nascimento, da PAN Serviços de Administração.

O relato corrobora a versão da ex-diretora financeira da BGE Daniela Gonzalez.

À Folha, ela afirmou que R$ 640 mil foram destinados ao ex-diretor da prefeitura Hussain Aref Saab e ao vereador Aurélio Miguel (PR).

Após a reportagem da Folha, mês passado, a prefeitura iniciou uma blitz nos shoppings e apontou irregularidades em 28 deles.

O Pátio Paulista, por exemplo, teve seu alvará de funcionamento cassado e seria interditado. O local está aberto graças a uma liminar concedida pela 4ª Vara da Fazenda Pública.

A contratação do carro-forte, por R$ 5.322, ocorreu no dia 3 de junho de 2009, cinco dias após o encontro entre o vereador Miguel e os executivos da Brookfield Manoel Bayard Lucas de Lima e Filipe Vasconcelos, ocorrido no flat George V, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo).

O vereador diz que o encontro pode ter ocorrido, mas nega o pedido de propina.

Bayard confirmou, em depoimento à polícia, que esteve mesmo com o vereador. Mas negou a propina.

Disse que a reunião tinha o "propósito de divulgar e apresentar o grupo e suas pretensões na área de construção e ampliações de shoppings". Sobre o carro-forte, o executivo disse à polícia que o dinheiro pode ter sido usado para pagar os funcionários da própria empresa.

Segundo uma outra testemunha ouvida pela Folha e pela Promotoria, que também pediu sigilo do seu nome por temer represálias, o pagamento em dinheiro só ocorreu porque não era possível transferir o dinheiro para uma conta não ligada ao CNPJ da PAN. Daí a necessidade de ter feito o saque em dinheiro.

O empresário Nascimento, diz a testemunha, concordou em entregar a propina, mas desde que tivesse a contratação de escolta armada -como de fato ocorreu.

(EVANDRO SPINELLI e ROGÉRIO PAGNAN)

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