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Maria de Lourdes Lima Matosinho (1915-2012)

Doou o corpo para ser útil à ciência

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Aos 40 anos, com uma filha pequena, Maria de Lourdes Lima Matosinho descobriu um tumor na tireoide. Naquela época, pensando no pior, manifestou pela primeira vez a vontade de que seu corpo fosse doado a alguma faculdade depois de morrer.

Maria de Lourdes, porém, superou a doença, após tratamento em São Paulo, e pôde voltar a Jaú (SP) para cuidar da única filha, Lourdinha.

Natural de Dois Córregos, a 262 km da capital paulista, viveu em sua cidade até o início da década de 40, quando se casou com o primo, Benedito. Em Jaú, o marido teve comércio, o Empório Futurista, e ela o ajudava no serviço.

Quando a filha fez 18 anos, em 1972, a família decidiu se mudar para São Paulo. Na capital, Benedito foi zelador em vários prédios. Por isso, viviam mudando de casa.

Em 1978, o marido morreu. A filha se formaria em relações públicas e trabalharia como secretária. Coube a Maria de Lourdes ajudar, a partir de 1983, a criar o neto, enquanto Lourdinha trabalhava.

Foi tão ligada ao neto Leopoldo que, aos 80, entrou com ele num curso de desenho. Tinha mãos de fada, segundo a irmã Beth, 93, tamanha era sua habilidade para trabalhos manuais, como os bordados. Descrita como quieta, adorava ler e mexer no computador.

Aos 90, descobriu um tumor no cérebro e decidiu assinar o termo de doação, retomando o antigo sonho de ser útil à ciência. Morreu na terça (24), aos 96, no dia em que o neto completou 29 anos.

Seu corpo já está no departamento de anatomia da Unifesp. A filha diz que levará flores semanalmente para os professores da faculdade.

coluna.obituario@uol.com.br

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