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Análise

As iniciativas são frágeis diante da demanda das 'prioridades'

EM 2016, SEREMOS PALCO DE UMA PARAOLIMPÍADA. AS DELEGAÇÕES DO MUNDO TODO SERÃO PROIBIDAS DE VIAJAR?

JAIRO MARQUES
COLUNISTA DA FOLHA

Em aeroportos de países onde o atendimento a obesos, gestantes, pessoas mais velhas, com deficiência ou com mobilidade reduzida funciona bem, há sempre um departamento exclusivo e não ligado a nenhuma empresa aérea.

Equipamentos como o famigerado ambulift estão sujeitos a falhas, e é preciso ter pessoas capacitadas para garantir que o embarque ou desembarque ocorra com segurança. Em muitos casos, aliás, isso exige técnica -muito mais do que boa vontade ou força física.

Quando se tem um setor específico, há gente capaz de tomar atitudes corretas diante das diversas características físicas e necessidades pontuais -um deslocamento de um acamado, por exemplo.

Delegar às empresas aéreas a obrigação de garantir o direito de ir e vir é criar uma "Geni", e não dar uma solução adequada para uma demanda que só faz crescer: a de deficientes cada vez mais ativos e de uma população que envelhece em ritmo acelerado.

É, sim, urgente debater medidas. Mas as iniciativas apresentadas parecem frágeis diante das demandas.

Do que adianta obrigar aeronaves a terem banheiro acessível, o que seria fantástico, se não há garantias de que a poltrona do velhinho ficará próxima a esse recurso?

E por fim, deixar valendo uma regra como a de limitar o número de passageiros "especiais", para usar um velho chavão, pode gerar um debate de constitucionalidade.

Sem falar que, em 2016, seremos palco de uma Paraolimpíada. Delegações de atletas cadeirantes e cegos do mundo todo serão proibidas de viajar?

A Anac faz bem em querer acabar com a bagunça e o desrespeito a que as chamadas "prioridades" têm sido expostas. Mas, para que isso seja útil de fato, ela precisa ampliar o espectro de suas fontes.

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