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Quedas causaram 20 mil internações e 83 mortes no Estado

Dados de 2011, da Secretaria da Saúde, apontam que 65 dos óbitos foram de pessoas com mais de 60 anos

Entre as internações, 6.000 também foram de idosos; médico diz que casos podem se complicar sem ajuda

JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO

O funcionário público aposentado José Pelegrinelli, 65, levou um "capote" na rua há cerca de um mês. Distraiu-se e não reparou que, na calçada havia um degrau. Caiu feio, mas conseguiu proteger a cabeça e os óculos.

"Sangrou muito", teve cortes no rosto e dentro da boca. Está bem, mas não procurou atendimento médico. Deveria, segundo os especialistas.

No ano passado, foram 83 mortes em decorrência de complicações após quedas da própria altura, escorregões e tropeços. Dessas mortes, 65 foram de pessoas idosas, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde.

Segundo Gustavo Feriani, supervisor médico do Grupo de Resgaste e Atendimento a Urgência da Secretaria da Saúde de São Paulo, mesmo pessoas mais velhas e ativas sofrem perdas naturais das habilidades ao longo da vida.

"É ótimo que elas se exercitem, mas é preciso ter mais cuidado em tarefas do dia a dia. A queda de um idoso que cause sangramento por muito tempo, por exemplo, precisa ser analisada por um médico ou o quadro pode evoluir e se complicar", diz.

De acordo com o médico Luiz Eugênio Garcez Leme, chefe do Grupo de Ortopedia do Hospital das Clínicas e professor da Faculdade de Medicina da USP, não é apenas a situação urbana degradada ou os "tapetinhos soltos" em casa que provocam os acidentes.

"A queda de idosos é um problema gravíssimo em todo o mundo. Não é apenas algo de país pobre, com estrutura urbana ruim", diz Leme.

Segundo ele, isso geralmente acontece quando se juntam características da velhice -problemas visuais e de equilíbrio, fraqueza muscular etc.- com situações corriqueiras, como o piso molhado ou a calçada quebrada.

INTERNAÇÕES

De acordo com o levantamento da secretaria, em 2011 foram 20,2 mil internações em hospitais públicos do Estado devido às quedas. Cerca de 6.000 delas foram de pessoas com mais de 60 anos.

O órgão não divulgou dados de anos anteriores e não houve tabulação do local onde o acidente aconteceu, ou seja, se em casa ou na rua.

"Como nossa população idosa é ainda muito frágil, as complicações após a queda são grandes", diz o médico.

"Cerca de 90% das fraturas de quadril em idosos, por exemplo, são devido a quedas. Na população com mais de 90 anos, a expectativa de sobrevida após um escorregão é muito baixa."

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