Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ilustrada - em cima da hora

PF apreende fotos durante leilão no Rio

Imagens antigas à venda para o público teriam sido furtadas da Biblioteca Nacional e do Arquivo Geral da cidade

Presidente da entidade e procurador receberam denúncia anônima indicando a suspeita; foi aberto um inquérito

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

A Polícia Federal apreendeu ontem à tarde, durante um leilão no Rio, 15 fotos históricas que teriam sido furtadas da Biblioteca Nacional, além de quatro outras obras que teriam sumido do Arquivo Geral da cidade.

Os 19 itens estavam em lotes à venda em um leilão público na Babel Livros.

Ontem pela manhã, o presidente da Biblioteca Nacional e o procurador da República Carlos Aguiar receberam denúncias de que fotografias do século 19 feitas por Augusto Stahl (1828-1877) seriam vendidas no leilão.

Eles avisaram a Polícia Federal, que chegou acompanhada de técnicos, que vistoriaram mais de 20 dos 800 lotes que estavam à venda.

Identificaram as fotos suspeitas de terem sido furtadas. As imagens estavam recortadas e raspadas na parte de trás, de modo a esconder a identificação de origem.

"Tenho fortes suspeitas e solicitei que a Polícia Federal apreendesse as fotos para fazermos um laudo", disse o especialista Joaquim Marçal, pesquisador da Biblioteca Nacional e perito judicial.

A maior parte das imagens foi feita por Stahl e pertenceria a um álbum de 47 fotos. Havia ainda fotos de Marc Ferrez (1843-1923), uma da Guerra do Paraguai (1864-1870) e outras de Augusto Malta (1864-1957). Os 19 lotes apreendidos tinham preços iniciais entre R$ 30 e R$ 180.

A delegacia de meio ambiente e patrimônio histórico abriu um inquérito por receptação de material furtado. As imagens foram levadas para perícia oficial, que confirmará se são as mesmas que sumiram dos acervos públicos.

Policiais pediram os registros de quem colocou as fotos para leilão, mas a livraria não os tinha no momento.

De acordo com a PF, o crime seria obra de uma quadrilha comandada pelo ex-estudante de biblioteconomia Laessio Rodrigues, que está preso desde 2007 em uma cadeia de Bangu, de onde, segundo a PF, controla os roubos e furtos de obras de arte no país.

"Não tenho dúvida do envolvimento da quadrilha do Laessio. Há um inquérito que apura o roubo dessas fotografias em 2005", disse o delegado Fábio Scliar.

Um dos sócios da Babel Livros, Francisco Izidoro, afirmou que "é comum" que peças furtadas sejam colocadas em leilões. "A livraria pega essas obras em consignação. Tanto ela quanto o leiloeiro são apenas organizadores do evento, esses itens são apresentados à livraria pelos ditos proprietários, que assinam contratos que vamos disponibilizar para a polícia", disse Graziele Cardoso, advogada da Babel Livros.

Antes da ação da polícia, o leilão vendeu 400 lotes com obras diversas, dentre as quais destacaram-se seis lotes com objetos que pertenciam ao poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e que foram arrematados por um total de R$ 18.650.

(COLABOROU MARCO ANTÔNIO MARTINS, DO RIO)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.