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Luiz Rodrigues Malheiros (1926-2012)

Guardião do time da Ferroviária

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Foi no lombo de um cavalo, tocando a boiada com o tio, que Luiz Rodrigues Malheiros deixou nos anos 1940 o distrito baiano de Mamonas, onde nasceu, para tentar vida nova em São Paulo.

Órfão de pai e mãe, o plano era vender o gado e depois se encontrar com a irmã, que morava em Araraquara (SP). Funcionário da Estrada de Ferro, o cunhado logo lhe conseguiu uma vaga na empresa.

Dois anos depois, foi contratado para trabalhar no clube recém-criado para os funcionários, onde fez sua história. Ajudou a erguer as paredes do local e, ao longo de décadas, também foi seu faz-tudo: cuidou de piscinas, ves-tiários e até do gramado do time de futebol que aprendeu a amar, a Ferroviária.

Ex-presidente do clube, Bruno Ópice de Matos, 68, lembra-se de quando era criança e encontrava Luiz cuidando do vestiário. "Ele era rigoroso. Quem não tinha exame médico em dia não entrava. Cuidava do clube como se fosse sua casa."

Há cerca de 20 anos, passou a ser o porteiro. Morava há alguns quarteirões do clube, distância de pouco mais de um quilômetro que percorria com sua bicicleta, companheira de mais de 60 anos.

Quando não estava no clube, a paixão de Luiz era a horta e o jardim de casa -ninguém podia mexer em suas rosas e hortênsias, conta o filho caçula, Emilio, 37.

Afastou-se do trabalho há dois meses, em razão de uma labirintite. Era o mais antigo funcionário da Ferroviária.

Morreu aos 86, na quarta (8), de aneurisma cerebral. Deixa mulher, três filhos, quatro netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br

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