Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Greve de servidores afeta agora até a fiscalização do uso de verbas federais

Controladoria-Geral da União decide cancelar auditorias que seriam feitas em 36 municípios

Governo Dilma passou o dia ontem avaliando a possibilidade de conceder reajuste ao menos a alguns setores

Nelson Antoine/Fotoarena
Grupo de policiais federais de braços cruzados ontem em frente à superintendência da PF na Lapa, zona oeste paulistana
Grupo de policiais federais de braços cruzados ontem em frente à superintendência da PF na Lapa, zona oeste paulistana

DE BRASÍLIA

Após provocar transtornos em portos, aeroportos e estradas, o movimento dos servidores federais por melhores salários passou ontem a afetar também até a fiscalização do uso de verbas da União.

Em portaria publicada ontem, a CGU (Controladoria-Geral da União) anunciou o cancelamento da auditoria que seria feita em 36 municípios "em razão do movimento grevista dos servidores".

Com isso, apenas 24 de 60 cidades sorteadas pela CGU passarão pelo pente-fino, que busca "inibir a corrupção entre gestores de qualquer esfera da administração pública".

O programa de auditorias -que incluem inspeções in loco- fiscaliza recursos de programas como o Bolsa Família, o Pronaf (de estímulo à agricultura familiar), de subsídios a merenda e transporte escolar e de financiamento de ações de saúde.

Também são fiscalizadas obras que tenham verba federal. Os relatórios são enviados a órgãos como Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Polícia Federal.

Até este ano, 1.941 municípios haviam sido fiscalizados. Segundo a CGU, 20% das falhas detectadas são "graves".

Ainda que a greve acabe, os municípios excluídos ontem não voltarão a ser avaliados agora, já que haverá novo sorteio em setembro. São feitos quatro sorteios ao ano.

Funcionários da CGU fazem operação-padrão desde 8 de agosto, segundo o Unacon Sindical (que representa servidores do órgão e do Tesouro Nacional). Eles querem reajuste salarial de 22%.

"A Dilma centralizou tudo nela, a gente não consegue conversar com ministros de cada área. Isso complica muito", criticou o presidente da entidade, Rudinei Marques.

PROPOSTA

O governo passou o dia ontem reunido avaliando a possibilidade de apresentar proposta de reajuste a setores ainda não contemplados.

Pela manhã, Dilma Rousseff havia orientado seus ministros da área econômica a tentar encontrar sobra no Orçamento do próximo ano.

Houve ao menos três encontros. Em um, Dilma mandou que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, retornasse com novos cálculos.

Se optar por dar algo, a tendência é haver uma proposta de reajustes escalonados até 2015. Após os encontros, o governo não descartava nem a possibilidade de reajuste zero, tampouco a de aumento global para garantir o poder de compra do servidor.

'MULTA ZERO'

A onda de protestos, iniciada em maio, atinge cerca de 30 categorias.

Ontem, líderes grevistas da Polícia Rodoviária Federal decidiram orientar os policiais para que, a partir desta semana, atendam só acidentes de trânsito com vítimas.

A categoria ainda queria deixar de aplicar multas. Alertado sobre a "operação multa zero", o governo avisou que a reação seria enérgica, e o sindicato recuou.

Ontem, policiais federais fizeram protesto na Superintendência da PF em São Paulo. Eles planejam doar sangue hoje, o que, pela lei, permitiria a falta ao trabalho.

(KELLY MATOS, NATUZA NERY E FLÁVIA FOREQUE)
Colaborou DE SÃO PAULO

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.