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Análise

O mercado prometeu mais do que poderia entregar aos consumidores

MÁRIO SCHEFFER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O bom desempenho da economia alavancou os planos de saúde, que são cada vez mais ofertados pelos empregadores, viraram prioridade na pauta dos sindicatos e objeto de desejo das famílias que perderam a confiança no SUS.

Mas o mercado prometeu mais do que poderia entregar: há mais clientes do que a disponibilidade de médicos, hospitais e laboratórios.

Os resultados da pesquisa apontam que as redes pública e privada nunca estiveram tão próximas em matéria de atendimento precário: mais de três horas de espera em prontos-socorros lotados, dificuldade de marcar consultas, falta de vaga de internação até em UTI e demora para exames, dentre outros.

A situação é agravada pela proliferação de planos baratos e populares, com rede diminuta, que não prestam um atendimento razoável.

Sem contar o fenômeno dos planos ditos "falsos coletivos" -que aceitam duas pessoas ou mais mediante a simples apresentação de um CNPJ e que escapam da regulamentação mais rigorosa.

Como consequência, usuários de planos buscam socorro no SUS, que fica no prejuízo, já que as operadoras não ressarcem os valores do atendimento aos cofres públicos.

É preciso que o governo regule a expansão desordenada dos planos de saúde e melhore o financiamento do sistema público, cada vez mais distante de uma cobertura universal de qualidade. Só assim os cidadãos deixarão de ter o pior dos dois mundos.

MÁRIO SCHEFFER é professor da Faculdade de Medicina da USP e membro do conselho diretor do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

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