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Panelinha F.C.

Times assíduos dificultam uso de quadras em parques por frequentadores eventuais

Lucas Lima/Folhapress
Frequentadores aguardam para jogar em quadra de basquete do parque Ibirapuera
Frequentadores aguardam para jogar em quadra de basquete do parque Ibirapuera

THIAGO AZANHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Hoje a panela está cheia, não tem lugar para mais ninguém", grita Diego "Gaúcho", 30, do time conhecido como "Panela Futebol Clube", que domina um campo do Ibirapuera nas tardes de terça e quinta e manhãs de domingo.

Sem regras específicas de utilização das quadras e campos nos parques e contando apenas com o bom senso dos usuários, frequentadores eventuais acabam não conseguindo utilizar o espaço público, dominado por panelinhas de jogadores assíduos.

Na última semana, a Folha visitou parques públicos e em todos foram ouvidas queixas.

"Se não tivesse panelinha [no Ibirapuera], certamente estaria jogando no time", diz José Roberto Mussa, 62.

Nas quadras de basquete, segundo José Júnior "Xerife", 25, os times se formam e pegam a quadra com o intuito de não arrumar confusão com outros frequentadores. "Infelizmente quem vem de fora não conhece nossas regras e acaba causando atrito", diz.

Tem frequentador que precisou trocar de modalidade para conseguir jogar. O caso foi observado no parque da Juventude com os amigos Rickson Vasconcelos, 15, e Adolfo Enrico, 17, que trocaram o futebol pelo basquete. "É impossível jogar com os moleques nas quadras de futsal. Pelo menos no basquete, chegando cedo, conseguimos pegar uma quadra e jogar sem problemas", dizem.

No Villa-Lobos, as sete quadras de tênis também são alvo de disputa. Durante a semana, das 7h às 17h, duas delas são dedicadas ao projeto "Bola Dentro", que atende jovens carentes. "Mas os demais frequentadores implicam se estamos com o uniforme e queremos jogar nas outras quadras", afirma Jocimar Gonçalves, 19.

Aos finais de semana, quando aumenta o número de frequentadores, as panelinhas tornam-se mais evidentes -e o tempo para conseguir uma quadra chega a duas horas. Segundo os administradores dos parques, não há uma regra para o período de uso e conta-se com o "bom senso dos usuários".

"Tem jogador que vem ao parque público e não aceita jogar com os jogadores que ficam na fila. Querem bater bola só com os amigos", reclama Fábio Gonçalves, 52.

No parque Ecológico do Tietê, o time de amigos Sabadão Ecológico domina o melhor campo do parque há cerca de dez anos. No Cidade de Toronto, os jovens Gustavo Cirilo, 14, e Mateus Brito, 12, dizem que podem usar as duas quadras de futsal até as 15h nos finais de semana, mas após este horário chegam os adultos e os expulsam.

Em nota, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente diz que a utilização de algumas quadras pode ser agendada com a administração de cada parque.

A prefeitura também aluga quadras destinadas ao Programa Clube Escola, que oferece aulas grátis, mediante solicitação prévia, em alguns parques da cidade.

No campo de futebol com grama sintética do parque da Aclimação é cobrado o valor de R$ 70,30 por hora durante o dia e R$ 105,40/h à noite. No Clube Escola Pirituba os valores variam de R$ 17,60 a R$ 58,60. "É da prefeitura, devia ser de graça. Se dizemos que não temos condições financeiras, a administração fala que podemos pagar com produtos de limpeza", diz Alex, 27, frequentador das instalações de Pirituba.

O responsável pelo local, Laércio de Oliveira Silva, 65, diz que não estipulou a opção de pagamentos com produtos de limpeza. "Às vezes o clube precisa de tinta, portas e outros produtos. Mas só recebemos doação."

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