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Hospitais culpam greve por falta de remédio

Instituições como AC Camargo e São Paulo dizem que paralisação na Anvisa compromete tratamento de pacientes

Presidente da agência, Dirceu Barbano, nega 'categoricamente' que protesto de servidores afete o abastecimento

DE SÃO PAULO
DE CAMPINAS
DE BRASÍLIA

Pacientes que passam por tratamentos em São Paulo já estão sofrendo as consequências da paralisação de servidores públicos federais, segundo dois hospitais da cidade: AC Camargo e São Paulo.

A Associação Nacional dos Hospitais Privados diz que 75% de seus 46 associados sentem algum efeito da greve em seus estoques de materiais, reagentes e remédios.

No hospital AC Camargo, referência no tratamento de câncer, um quimioterápico oral não foi entregue pelo laboratório, que não conseguiu importá-lo por causa da paralisação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), iniciada há um mês.

O órgão é responsável por autorizar a entrada de medicamentos no país.

"É um quimioterápico usado em tumores de mama. As pacientes que estão recebendo a medicação há algum tempo não podem ficar trocando de terapia", afirma Marcello Fanelli, diretor de oncologia clínica do hospital.

O hospital São Paulo relata falta de reagentes laboratoriais para exames. O problema afeta também o interior. Em Limeira (a 151 km de São Paulo), um remédio para diabéticos está em falta há 20 dias na rede municipal.

Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica faltam reagentes para exames de sangue. "A escassez de muitos desses reagentes passou da situação crítica para a de emergência", diz Paulo Azevedo, presidente da entidade.

OUTRO LADO

O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, afirma que não há desabastecimento de medicamentos no país em decorrência da greve dos servidores da agência.

"Podemos afirmar categoricamente: não está faltando medicamento no Brasil por retenção de carga em decorrência da paralisação", diz.

De acordo com ele, após decisão judicial que determinou que 70% dos servidores trabalhem durante a greve, a situação de avaliação das cargas importadas de medicamentos e outros produtos essenciais para a saúde está "praticamente dentro da normalidade" no país.

Questionado sobre o que poderia justificar a falta de medicamentos indicada pelos hospitais de São Paulo, Barbano disse que a situação deverá ser analisada para entender os motivos específicos.

O Sindusfarma (que reúne a industria farmacêutica em São Paulo) afirmou que "as empresas associadas ao Sindusfarma não relataram problemas de abastecimento até o momento".

(TALITA BEDINELLI, MARÍLIA ROCHA, CLÁUDIA COLLUCCI E JOHANNA NUBLAT)

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