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Governo lança plano para reduzir mortes de vítimas do trânsito

Atendimento de urgência e emergência é o espaço 'mais crítico, de baixa qualidade, no SUS', diz ministro da Saúde

Entre as medidas estão credenciar hospitais e fixar diretrizes clínicas; plano reduziu em 17% mortalidade nos EUA

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

O Ministério da Saúde criará novas regras para o atendimento ao trauma no SUS. Estão previstos o credenciamento de mais hospitais especializados, a adoção de diretrizes clínicas para atender o paciente e a criação de um banco de dados nacional.

O primeiro passo será a publicação hoje de uma consulta pública no "Diário Oficial" da União. O documento ficará disponível para sugestões durante 30 dias. A previsão é que as regras passem a valer a partir de janeiro.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a proposta é que haja mudanças desde o primeiro socorro pelo Samu (serviço de ambulâncias), ou pela unidade básica de saúde, até a forma como o paciente será atendido dentro do hospital.

"Nossa avaliação é que o atendimento das urgências e emergências é o espaço mais crítico, de baixa qualidade, no SUS", afirmou à Folha.

A meta, segundo ele, é reduzir as taxas de mortalidade de traumatizados de acidentes de trânsito em 17%, mesmo percentual obtido pelos EUA após a implantação de um sistema organizado de atendimento ao trauma.

Em 2010, o SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) notificou 42.884 mortes por acidente de trânsito.

Padilha diz que a proposta é organizar a nova rede em três diferentes níveis de complexidade de atendimento (hospitais que fazem neurocirurgia, por exemplo).

Esses hospitais receberão mais recursos, mas, segundo ele, os valores só serão definidos após o fim da consulta pública e de acertos com Estados e municípios.

"Será mais atrativo para os hospitais se organizarem e garantirem a qualidade do atendimento ao trauma."

Muitas vezes, diz Padilha, o Samu faz um bom atendimento, mas tem dificuldade de encaminhar o paciente ao hospital especializado. Outra situação comum é o acidentado ficar dias em uma maca, esperando por um leito.

QUALIFICAÇÃO

Segundo Milton Steinman, professor colaborador de cirurgia-geral e do trauma da USP, uma questão central é que o país garanta o financiamento dos recursos necessários para atender o trauma.

Na sua opinião, antes de lançar um programa nacional, o ministério deveria fazer um projeto-piloto, menor, com o intuito de criar um modelo a ser seguido.

Steinman afirma que, para garantir qualidade, é preciso, antes, qualificar médicos e hospitais. "É um caminho longo. Não é em três meses que se faz isso."

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