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Aluna tem parada cardíaca e morre dentro da faculdade

Colegas afirmam que a FMU demorou para perceber gravidade da situação

Angelita Caldas, 28, sofria de arritmia cardíaca; universidade não a socorreu com o desfibrilador

MARTHA ALVES
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
LETÍCIA MORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A universitária Angelita Pinto Simões Caldas, 28, morreu anteontem à noite dentro de uma sala de aula do curso de ciências contábeis na FMU (Faculdades Metropolitanas) do Itaim Bibi (zona oeste).

Ela começou a passar mal, teve uma parada cardíaca e desmaiou. Foi socorrida primeiro por alunos e, depois, por bombeiros e Samu.

Roberta Reis Lima e Edivania Lima, colegas de classe de Angelita, afirmaram que a faculdade não se deu conta da gravidade do caso e demorou para chamar o socorro.

O marido dela, José Carlos dos Santos, 44, afirma que a instituição não tinha estrutura para atendê-la ali.

Há versões diferentes para o tempo que a universitária levou para ser atendida.

Na melhor das hipóteses (segundo a FMU), o resgate levou 14 minutos para chegar a partir da constatação de que Angelita passava mal; na pior, 42 minutos, disse à polícia Alfredo Meletti, 47, professor que dava aula na hora.

Atendimento rápido é essencial para parada cardíaca: o paciente tem que ser atendido nos primeiros cinco minutos. A cada minuto, a chance de sobrevivência cai 10%, dizem especialistas.

DESFIBRILADOR

Um desfibrilador ajudaria a tentar reanimá-la. Por lei, instituições como a FMU são obrigadas a ter o equipamento e deixá-lo a no máximo cinco minutos de distância de quem precisar ser atendido.

Só que Angelita não foi atendida com o desfibrilador; ela recebeu massagens de uma aluna. Questionada, a faculdade não respondeu por que não usou o aparelho.

Em fevereiro, a FMU do Itaim chegou a ser multada pela prefeitura por não ter o desfibrilador. Em 16 de agosto, nova fiscalização constatou que a instituição havia adquirido 11 equipamentos.

O depoimento de um funcionário da FMU põe em xeque o atendimento prestado pela instituição. Sergio Conti, coordenador do curso de ciências contábeis, disse que um bombeiro civil da FMU estava de plantão, mas, por "razões que desconhece", não atendeu Angelita.

Roberta Reis Lima, a amiga da universitária, disse ainda que dois funcionários da FMU impediram que a vítima fosse levada até o hospital São Luiz. A FMU não respondeu a nenhuma das questões.

O marido disse que irá processar a faculdade. "Foi praticamente um homicídio." Angelita tinha arritmia cardíaca "há muito tempo" e parou de tomar remédios havia um mês, após ir ao médico.

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