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Desesperados, alunos abanavam Angelita e ligavam para o resgate

Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo com a universitária, disse um funcionário

FMU chegou a levar cadeira de rodas para atender Angelita, que já estava inconsciente; alunos criticam demora

Fabio Braga/Folhapress
José Carlos dos Santos, marido da estudante morta, consola a enteada durante o velório
José Carlos dos Santos, marido da estudante morta, consola a enteada durante o velório

DE SÃO PAULO

"Rô, preciso de um médico" -essa foi a última frase de Angelita Pinto Simões Caldas antes de perder a consciência, segundo a amiga Roberta Reis Lima, 28, que estava ao lado dela na primeira fileira da sala de aula na FMU.

Os colegas na sala se desesperaram e começaram a ligar para o Samu. O professor Alfredo Meletti saiu correndo para pedir socorro à secretaria da universidade.

A primeira reação dos alunos foi abanar Angelita. Eles não sabiam exatamente o que ela tinha, se uma crise de pressão ou uma parada cardíaca. Usaram um ventilador, segundo o professor.

Minutos depois chegaram dois funcionários da FMU com uma cadeira de rodas. Angelita estava desmaiada.

Uma aluna de outra sala tentou fazer massagem cardíaca na aluna, instruída por uma atendente do Samu.

Antes, foi difícil fazer com que o socorro chegasse rápido, segundo os alunos. Eles disseram ter chamado socorro às 21h35, e que ele só chegou depois das 22h -o Samu e os bombeiros negam.

Edivânia Lima, 24, também da classe de Angelita, disse que ligou primeiro para o Samu, mas o funcionário disse que esse tipo de atendimento cabe ao Corpo de Bombeiros. Ela ligou para os bombeiros, que a orientaram a ligar novamente para o Samu.

A Secretaria Municipal da Saúde negou que o atendente tenha pedido para ligar para os bombeiros, pois isso vai contra a regra. Mas, para ter detalhes, informou que precisaria ouvir o áudio, o que não seria possível ontem.

DIVERGÊNCIAS

Universidade e alunos dão horários diferentes para o horário em que Angelita passou mal. O professor Alfredo Meletti e os amigos Rodrigo Dias Pedro e Roberta disseram que tudo começou às 21h30.

Alfredo disse ainda que havia marcado o horário no relógio porque estava preocupado, até então, em controlar o ritmo da aula.

Só que, em nota, a FMU diz que foi às 21h37, sete minutos depois, que Roberta notou que a amiga tinha um mal súbito. Roberta, à Folha, manteve sua versão: 21h30.

Um funcionário que presenciou o atendimento a Angelita disse que, no começo, ninguém sabia o que ocorria. "Não somos médicos, como vamos saber?", disse ele, que pediu anonimato.

Ontem à noite, alunos protestaram em frente à faculdade, no Itaim Bibi. Eles ocuparam a calçada. A unidade tem cerca de 2.000 alunos.

A Polícia Civil abrirá inquérito para investigar o caso.

A universitária foi enterrada ontem em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

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