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Incêndio destrói favela no Campo Belo

Ocorrência foi a 32ª nesse tipo de área da cidade no ano; fogo atingiu 285 barracos e deixou 1.140 desabrigados

Moradores de casas e prédios de classe média do entorno também tiveram de sair; polícia investiga as causas

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

São Paulo teve ontem o 32º incêndio do ano em favelas, segundo o Corpo de Bombeiros. Dessa vez, a comunidade atingida foi a favela do Piolho, encravada no bairro de classe média do Campo Belo, zona sul. Três pessoas ficaram feridas e 285 barracos foram destruídos.

Em 2011, em toda a cidade, foram 79 ocorrências de fogo nessas áreas -número mais baixo registrado desde 2008.

Ontem, o cenário era de desespero, como constatou a reportagem da Folha ao chegar à rua Sônia Ribeiro assim que o incêndio começou, por volta das 14h45.

Moradores correram para escapar das labaredas, levando nas costas o que conseguiram tirar das casas. Muitos procuravam seus familiares próximo ao fogo.

Os que vivem nas casas de alvenaria no entorno da área também tiveram que deixar suas residências.

Os acessos para as avenidas Jornalista Roberto Marinho e Washington Luís ficaram interditados por cerca de 40 minutos para que os bombeiros conseguissem chegar ao foco do incêndio, o segundo ocorrido naquela área -o outro foi em 2006.

A favela fica numa área onde ocorre a operação urbana Águas Espraiadas, que prevê a revitalização da área. Pela região passará o monotrilho da linha 17-ouro do Metrô.

DESESPERO

A dona de casa Carmen Fausto, 61, conseguiu escapar com o neto Paulo, dois meses, no colo, com a ajuda de vizinhos, que empurraram sua cadeira de rodas. Há poucos meses, ela teve uma perna amputada, uma das consequências de diabetes.

"Queimou tudo, não sobrou nada. Mas a nossa vida a gente salvou", disse, ao lado da filha, do sogro e dos seis netos -todos moradores de um mesmo barraco.

Perto dali, a aposentada Ana Russo, 81, teve que sair às pressas de sua casa na rua Cristóvão Pereira, onde mora há 36 anos.

A casa ampla e protegida por cercas elétricas não foi atingida por pouco.

"Ouvi explosões e senti um calor forte. Meu marido está agora lá no fundo jogando água para esfriar as paredes."

A Defesa Civil de São Paulo estima que 1.140 pessoas ficaram desabrigadas. A polícia investiga as causas.

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