Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Programa de Kassab falha e não evita incêndio em favela-modelo

Programa de prevenção contra fogo da comunidade do Piolho era tido como exemplo na capital

Dias antes do incêndio, prefeitura disse que Previn estava 'em pleno funcionamento' em 50 comunidades

DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A favela do Piolho, na zona sul da capital, foi parcialmente destruída anteontem porque falhou o programa de prevenção contra incêndios em favelas da prefeitura.

Criado pela gestão Kassab, em outubro de 2010, esse programa, chamado Previn, teve como berço justamente essa favela. "Um laboratório para o desenvolvimento do Previn e um exemplo para ser aplicado nos outros 50 assentamentos da cidade", dizia a prefeitura em março de 2011 durante lançamento oficial.

Na última sexta, em nota à Folha, o município disse que o Previn estava "em pleno funcionamento" nas 50 favelas previstas, com pessoas treinadas e equipamentos -como capacetes, roupas especiais e extintores.

De acordo com o pastor Francisco Márcio, uma das lideranças da favela do Piolho, três pessoas iniciaram o combate ao fogo e apenas uma delas tinha treinamento. Equipamentos, nenhuma.

"As pessoas não tinham extintor. Começaram a combater usando baldes", disse.

O incêndio na favela Sônia Ribeiro, com a Piolho é oficialmente chamada, foi o 32º ocorrido em "assentamentos precários" só neste ano na capital. Segundo dados oficiais, foram 285 barracos destruídos.

O Previn foi criado por lei municipal. Das 1.632 favelas da capital, foram escolhidas as 50 consideradas de alto risco em razão de suas características (como construções irregulares, de madeira e alvenaria, ligações clandestinas de energia).

HIDRANTE

Além da Piolho, fazem parte desse grupo as favelas da Alba (zona sul) e do Moinho (região central). Ambas já tiveram incêndios: a primeira, no mês passado; a outra, no fim do ano passado.

Ontem, a Folha esteve nas duas comunidades e, segundo as lideranças comunitárias, o programa ainda não funciona como deveria.

Segundo Neide Aparecida Campos, uma das líderes da favela do Moinho, apenas três pessoas receberam treinamento da Subprefeitura da Sé e dos bombeiros. Nenhum recebeu equipamentos.

Um hidrante foi instalado no mês passado. "Mas não tem mangueira, não tem a chave para abri-lo. Se isso aqui pegar fogo, a gente vai ter que abrir o hidrante com o dente", disse Humberto José Marques, outra liderança.

Rosana Gonçalves de Lima, uma das líderes da Alba, disse que ninguém na comunidade recebeu treinamento para combate a incêndios. (ROGÉRIO PAGNAN, BRUNO BENEVIDES, PEDRO IVO TOMÉ E MARÍA MARTÍN)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.