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Joaquim Coutinho Netto (1944-2012)

Ele aplicou o látex à medicina

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

De todo o conhecimento adquirido pelo bioquímico e médico Joaquim Coutinho Netto, foi o olhar de matuto, de quem cresceu em um sítio no interior paulista, que o ajudou a fazer uma das principais descobertas de sua carreira.

No final da década de 90, ele coordenava uma pesquisa sobre o uso, na medicina, do látex de seringueira.

Ao testar em cães uma prótese de esôfago feita de látex, o dispositivo acabou expelido sem querer. Constatou, com surpresa, que, no lugar, o tecido havia se regenerado.

Lembrou-se, então, de sua vida na zona rural e de que as seringueiras são capazes de regenerar o lugar onde é feito o corte para extrair o látex. Logo, o mesmo efeito seria provocado no corpo humano.

Foi o caminho para patentear uma pomada cicatrizante, reconhecida no mercado.

A natureza e a vida no campo aplicadas à ciência: assim sempre fez Coutinho, como contam amigos do docente que estudou medicina e fez carreira na USP de Ribeirão.

Caçula de três filhos, cresceu em Sapato Queimado, antigo distrito de São José do Rio Preto. No sítio, cuidava dos porcos e da lavoura de milho.

Inspirado no irmão mais velho, médico, foi estudar em Ribeirão. Pesquisou também neurotoxinas que desencadeiam crises de epilepsia.

Em Londres, durante o pós-doutorado, pegou gosto por queijos sofisticados. Foi a deixa para, na volta, começar uma criação de cabras, cujo leite produziria queijos.

Sofria de um câncer no aparelho digestivo. Morreu aos 68, de uma parada cardíaca após uma cirurgia para tratar da doença. Casado, deixa três filhos e dois netos.

coluna.obituario@uol.com.br

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