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Alcir Lins Carneiro Lacerda (1927-2012)

Um olhar p&b sobre Pernambuco

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nada de ângulo bom para enquadrar o defunto. Alcir Lacerda, em início de carreira, fora enviado para fotografar um enterro e decidiu pedir aos irmãos do morto que inclinassem um pouco o caixão. "Mais." "Um pouquinho mais." "Só mais um pouco."

Naquele dia, Alcir teve de fugir correndo. Pediu tanto para que virassem o ataúde que o morto foi parar no chão, o que enfureceu os presentes.

Em seus mais de 60 anos de profissão, um dos mais importantes fotógrafos de Pernambuco colecionou muitas histórias. Como a de quando conseguiu, após se esconder debaixo de uma escada, registrar a saída, da sede do governo, de Miguel Arraes. O governador acabara de ser preso, naquele 1964, pelos militares.

Nascido em São Lourenço da Mata (PE), Alcir começou a fotografar com uma Rolleiflex emprestada pela vizinha.

Antes de colaborar com jornais e revistas (foi funcionário da "Manchete"), trabalhou como fotógrafo num laboratório da faculdade de medicina. Em 1957, abriu o Acê Filmes, seu próprio estúdio.

Uma das fotos que mais se orgulhava de ter feito era a de uma menina na porta de um casebre. Premiada, a imagem foi publicada até pela "Time".

Seu forte eram registros em preto e branco -quatro deles pertencem à coleção Pirelli/Masp. Seu último grande trabalho, ainda inédito, foi em 2004, quando fez uma expedição pelo rio São Francisco.

Estava com princípio de alzheimer. Morreu na segunda (10), aos 84, de insuficiência cardiorrespiratória. Teve cinco filhos, 11 netos e sete bisnetos. Seu laboratório, único no Recife que revela em p&b, deve fechar, segundo a família.

coluna.obituario@uol.com.br

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