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Motos compradas para o Samu estão sem utilização

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

Um programa bem avaliado e que ajuda a salvar vidas está subutilizado, custa mais do que deveria e funciona mal por falta de planejamento.

Foi o que concluiu auditoria feita pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no programa do Ministério da Saúde de compra de "motolâncias" -motos usadas para dar mais agilidade aos atendimentos do Sistema Samu.

O relatório lista uma série de falhas no programa, iniciado em 2009. Naquele ano, o governo anunciou a compra de 1.880 motos. Comprou um primeiro lote de 400, ao custo de R$ 6 milhões. Em 2011, 60% delas estavam sem uso. Neste ano, ainda são 40% dos veículos parados.

A falta de uso foi gerado pela ausência de planejamento, segundo informa o relatório do órgão.

Um dos problemas, afirma o TCU, é que a compra não foi precedida de uma pesquisa para levantar a demanda das prefeituras, e muitas cidades receberam motos sem terem feito solicitação.

Os modelos das motos (Yamaha Lander Z-250) foram considerados inadequados para o atendimento.

A avaliação do TCU é que houve erro na licitação -as motos compradas são adequadas para uso administrativo, mas o atendimento de urgência demandaria veículos mais potentes.

Segundo depoimentos de usuários, as motos quebram com frequência e exigem muitos reparos.

Os convênios entre o ministério e os governos locais previam outras obrigações difíceis de serem cumpridas.

Os motoqueiros eram obrigados a levar um cilindro de oxigênio em todos os atendimentos. Mas o aparelho não pode ficar ao lado da moto porque desequilibra o veículo. E não pode ser transportado nas costas dos motoristas pelo risco de explosão.

Em muitas cidades, os cilindros foram abandonados.

Apesar das falhas apontadas, o relatório do TCU também cita pesquisas que mostram que, nas cidades em que são adotadas, as "motolâncias" ajudam a aumentar a velocidade do primeiro atendimento (o que aumenta as chances de salvamento).

O Ministério da Saúde informou que não comprará mais o restante das ambulâncias que estavam previstas no programa. Segundo Helvécio Magalhães Júnior, secretário de Atenção à Saúde do ministério, a ideia é que essas compras passem a ser feitas pelas próprias prefeituras, de forma descentralizada.

A pasta diz que pegará de volta as "motolâncias" não utilizadas. Helvécio acrescenta que cidades como São Paulo estão pedindo mais equipamentos. O ministério também quer reduzir algumas exigências para o uso das "motolâncias".

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