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Maria Rosa Leite Monteiro (1928-2012)

Uma mãe que lutou pela verdade

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Em 1960, a professora Maria Rosa Monteiro mudou-se de Itaberaí (GO), onde nascera, casara-se e tivera filhos, para Brasília. Achava que, na capital, a prole poderia ter educação e futuro melhores.

Com Benedito, que trabalhou como eletricista, pintor e mecânico, teve três meninos e adotaria uma menina.

Em 1965, o filho Honestino entrou em primeiro na UnB, em geologia, mas foi expulso dois meses antes de concluir o curso. Militante da Ação Popular, ele presidiu a UNE e esteve preso diversas vezes.

Em dezembro de 1968, três dias após o AI-5 (que invalidou o habeas corpus que mantinha o filho em liberdade), Benedito morreu num acidente de carro. Maria Rosa enterrou o marido vigiada por policiais que buscavam seu filho.

Honestino viveu clandestinamente até 10 de outubro de 1973, dia em que desapareceu, aos 26 anos. A partir daí, a professora iniciou sua busca pelo filho que nunca mais veria.

Ao longo dos últimos anos, lutou por verdade e justiça. A única confirmação que recebeu foi a de que o estudante fora sequestrado pelo Cenimar, da Marinha. E nada mais.

Firme e generosa, estimulou outras mães na mesma situação a seguirem lutando.

Aposentada, ainda trabalhou como representante de uma empresa de alimentos e foi sócia de um filho numa fábrica de roupas. Lançou dois livros sobre sua história.

Sofria de alzheimer. Após uma queda, passou por uma cirurgia, mas não resistiu e morreu anteontem, aos 84, depois de sofrer parada cardíaca. A família mantém um site sobre Honestino e vai continuar a luta de Maria Rosa, como conta o neto Mateus, 26.

coluna.obituario@uol.com.br

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