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Mais velhos ficam mais no mercado; jovens, na escola

IBGE aponta adiamento da aposentaria e do momento de começar a trabalhar

Restrição de mão de obra, envelhecimento populacional e renda maior das famílias explicam fenômeno

PEDRO SOARES
LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

O mercado de trabalho se abriu aos mais velhos, que permanecem mais tempo empregados. Ao mesmo tempo, os mais jovens adiam a hora de começar a trabalhar e priorizam o estudo e a qualificação.

O retrato surge dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE -que revelou ainda um aumento da escolarização, da queda da taxa de analfabetismo (embora persista a desigualdade regional) e maior acesso ao computador, à internet e ao celular.

Como pano de fundo estão o envelhecimento populacional, de um lado, e o maior rendimento familiar, do outro -este permite aos mais novos estudarem por mais tempo, sem preocupação em compor a renda do domicílio, diz Thaís Marzolla Zara, economista da Rosenberg & Associados.

Para ela, outro fator também explica a postergação da aposentadoria. "Há uma oferta restrita de mão de obra qualificada, o que leva empresas a reterem profissionais mais velhos e mais qualificados."

Diante desse cenário, nas faixas de maior idade, há uma situação de pleno emprego. Acima dos 50 anos, a taxa de desemprego caiu de 3,1% em 2009 para 2,4% em 2011 -a mais baixa de todas.

Outro dado aponta na mesma direção: em todas as faixas até 30 anos, o número de pessoas ocupadas caiu, enquanto o emprego cresceu em todos os extratos acima dessa idade.

De 15 a 17 anos, a ocupação cedeu 11,1% de 2009 a 2011. Já entre 50 e 59 anos anos, avançou 5% -maior expansão de todas as faixas.

Para Maria Lúcia Vieira, gerente da Pnad, os dados mostram que os jovens têm adiado a entrada no mercado e focam em sua formação, o que é possível graças à renda maior da família. Segundo o IBGE, o rendimento subiu 8,5% de 2009 a 2011 -para R$ 1.345.

Com uma situação de renda mais confortável e a saída de jovens da força de trabalho, a taxa de desemprego é maior entre os mais novos: 22,9% para os ocupados entre 15 e 17 anos e 13,8% para os de 18 a 24 -as mais elevadas.

Celso Amaral, 68, é um exemplo de como o mercado está mais receptivo para os mais velhos. Ele continuou como supervisor de ferramentaria na metalúrgica onde trabalhava em Jundiaí por 12 anos após se aposentar, em 1993.

Quando finalmente saiu da empresa, aos 61, recebeu propostas de quatro companhias. Aceitou o cargo de assistente comercial em uma pequena metalúrgica.

"Enquanto tiver saúde, vou continuar trabalhando."

Colaborou LETÍCIA MORI

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