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Feira da Madrugada deve ganhar novo shopping e até hotel

Acordo entre a União e prefeitura prevê licitação para construção de escritórios e apartamentos também

Governo federal cede área ao município por 35 anos, mas exige que seja feita concessão para iniciativa privada

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A Feira da Madrugada, tradicional centro popular de compras da região central de São Paulo, deve ganhar nova gestão privada e se tornar um shopping dentro de uma área com hotel e prédios de escritórios e de apartamentos.

Desde a criação, em 2005, a feira foi palco de disputas pela administração do local e denúncias de corrupção e venda ilegal de produtos.

O projeto, ao qual a Folha teve acesso, faz parte de um acordo firmado pelo governo federal, dono da área, no bairro do Pari, e a prefeitura.

A União transferiu o prédio ao município em julho por meio de um contrato que estabelece a exigência de, em até um ano, fazer a licitação para a concessão da área.

Quem vencer a concorrência terá de construir um shopping popular com boxes para 3.500 camelôs -hoje, cerca de 3.000 atuam no local-, um hotel com 208 quartos, duas torres comerciais com 545 escritórios e estacionamentos para ônibus e carros.

O concessionário ainda terá de restaurar a antiga estação de trem, tombada pelo patrimônio histórico, onde haverá comércio de produtos hortifrutigranjeiros, e pagar à prefeitura um valor, não definido, para explorar a área.

O local ainda deve ter creche, unidade de saúde, um prédio de 3.000 m² do Instituto Federal de Educação e 720 apartamentos populares.

O terreno, de 119,8 mil metros quadrados (cerca de 15 campos de futebol), foi cedido à prefeitura por 35 anos, prorrogáveis por outros 35.

O custo está estimado em R$ 400 milhões, valor que poderá ser financiado parcialmente pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O projeto foi feito pela EBP, uma empresa ligada ao banco.

A capital recebe cerca de 50 mil sacoleiros por dia -metade passa pela feira. A ideia é que ela vire o epicentro do que a prefeitura chama de "circuito de compras".

Dali sairiam ônibus e vans para outros locais de comércio popular, como os bairros Brás e Bom Retiro e as ruas 25 de Março e Santa Ifigênia.

PROJETO PONTUAL

Álvaro Puntoni, urbanista, professor da USP e da Escola da Cidade, diz que o projeto pode ser bom, mas não leva em conta o planejamento da ocupação da orla ferroviária.

"Está desarticulado do plano maior de ocupação da cidade", disse. A ocupação da orla ferroviária é o foco de duas operações urbanas em desenvolvimento na prefeitura (Lapa-Brás e Mooca-Vila Carioca), mas o Pari, onde fica a feira, não foi incluído.

"A orla ferroviária será ocupada pontualmente e perderemos a chance de que ela seja o instrumento de articulação metropolitana de que precisamos", disse. Para ele, outra opção seria deixar o local vazio, com praça ou parque, e ocupá-lo com comércio e habitação no entorno.

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