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Aluno autista é esquecido em sala escura

Adolescente ficou trancado em centro de reabilitação de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, sem comida e remédios

Maurício Alves Moreno, 17, frequentava a escola havia 3 dias; adolescente ficou 'desaparecido' das 17h30 às 23h

MARTHA ALVES
DE SÃO PAULO

Havia três dias que a família de Maurício Alves Moreno, 17, começava a se tranquilizar por ter encontrado um centro de reabilitação social para o adolescente estudar. Anteontem à noite, porém, o adolescente -que é autista- foi esquecido numa sala trancada e escura do local.

Por volta das 17h30, um funcionário do Centro de Reabilitação Social Municipal Renato Felliphe Hanai Mendes, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, ligou para a família de Maurício pedindo a alguém para que fosse buscá-lo pois o carro que faz o transporte havia quebrado.

Quando a mãe do adolescente, Marina dos Santos Alves, 43, -que é deficiente auditiva- chegou ao local por volta das 18h a instituição estava fechada. Ela voltou para casa e aguardou por Maurício.

Preocupada, a família ligou para a Polícia Militar e para a GCM (Guarda Civil Municipal). A PM fez buscas na região e não encontrou o adolescente.

Por volta das 23h, os guardas municipais pularam o muro da instituição e encontraram ele sozinho trancado em uma sala escura.

Ao menos um computador foi quebrado e documentos foram espalhados no chão pelo menino que estava assustado e irritado. Ele deveria ter tomado um remédio controlado por volta das 22h.

Ariane Alves Moreno, 20, irmã de Maurício, diz que o encontrou nervoso e cheirando a urina e a fezes.

"Quando ele me viu ficou mais calmo e sorriu, mas com certeza ficou traumatizado", afirma Ariane.

"Quando ele chegou em casa, a impressão era que ele estava aliviado. A primeira coisa que ele fez foi pedir comida", diz Ronaldo Alves Moreno, 19, irmão do adolescente.

A família diz que pretende processar os responsáveis pelo ocorrido. "Se aconteceu com ele, pode acontecer com qualquer um", diz Ronaldo.

Segundo Ariane, faz quatro anos que o adolescente está longe da escola porque a família não consegue vaga em uma instituição especial.

"A gente estava feliz porque tinha conseguido um lugar que faz inclusão social, mas agora não vamos mais levar", afirma Ariane.

Colaborou o "AGORA"

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