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Crime (quase) perfeito

Jovem de 21 anos é preso em Brasília sob suspeita de pagar viagens, hotéis e até o aluguel de um jatinho usando cartões clonados

FERNANDO MELLO
DE BRASÍLIA

Durante dois anos, o goiano Douglas Santos, 21, viveu uma vida que não era sua. Viagens ao exterior, hotéis caros e até passeio de jatinho de Londres a Nova York. Tudo bancado por cartões de crédito. Clonados.

A vida de luxo começou a desmoronar na quarta-feira, quando ele foi pagar a conta de R$ 11.377 por sua estadia no hotel Meliá, em Brasília.

Dizendo-se funcionário de uma empresa de Londres, o jovem já havia pedido, alguns dias antes, transferência para a suíte presidencial, com diária pela bagatela de R$ 8.000.

Os funcionários do hotel desconfiaram dos excessos e resolveram chamar a polícia.

O cartão apresentado por Douglas ao Meliá era corporativo e estava em nome da Potis Enrol. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, que investiga o caso, a empresa é fictícia e foi criada pela internet pelo próprio Douglas. Na verdade, os números pertencem ao cartão de uma empresa (essa real) com sede em São Paulo, que diz nunca ter autorizado os gastos no hotel.

A suspeita da polícia é de que o jovem -formado em sistemas da informação nos Estados Unidos- tenha aplicado o mesmo golpe em mais de 400 empresas para bancar a vida de bacana.

"Ele conseguiu durante anos, mas não existe crime perfeito", diz o delegado Ailton Rodrigues. As investigações ainda não mostraram como Douglas teve acesso aos números de cartões de crédito das empresas.

JATINHO

Segundo relato dos policiais, Douglas parecia tranquilo quando foi abordado, ainda no quarto 1.502 do Meliá, em Brasília. O nervosismo apareceu quando ele foi questionado sobre o fato de seu cartão ter os mesmos números do de uma outra empresa. De pronto, ele assumiu: estava usando um cartão clonado.

A polícia diz que Douglas explicou parte do esquema. Disse ter o hábito de cometer fraudes com cartões de crédito, especialmente aqueles com alto limite. Todos os pagamentos que fazia com os cartões eram pela internet. Caso alguém ligasse para consultar a idoneidade da empresa, quem atendia o telefone era ele mesmo. Assim, despistava o desconfiado.

Douglas foi preso em flagrante e poderá responder por estelionato.

Em seu computador, a Polícia Civil encontrou fotos de viagens ao exterior. Documentos indicam que ele chegou a alugar um jatinho por US$ 40 mil para ir de Londres a Nova York.

Até um cartão de agradecimento com o emblema da Casa Branca, supostamente assinado pelo casal Obama, aparece no material apreendido com Douglas.

Ele tem outras três passagens pela polícia, pelos crimes de estelionato, uso de documento falso e falsidade.

A Folha tentou contato com a família de Douglas e ligou para dois números registrados em nome dos pais dele, mas ninguém atendeu.

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