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Rio ameaça despejar loja de restauro que atendeu Vargas e rei da Bélgica

Motivo é débito de cerca de R$ 60 mil em alugueis atrasados; local foi criado em 1909

Daniel Marenco/Folhapress
A loja de restauro "Ao Faz Tudo", que pode ser despejada pelo governo do Rio
A loja de restauro "Ao Faz Tudo", que pode ser despejada pelo governo do Rio

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

O governo do Rio está prestes a despejar uma das mais antigas lojas de restauro de objetos de arte do país. Fundada há quase 103 anos, a Ao Faz Tudo, no centro, é uma das poucas a prestar o serviço a colecionadores e museus.

Segundo o Rioprevidência (fundo de pensão dos servidores estaduais a quem pertence o imóvel), o motivo do despejo é um débito de cerca de R$ 60 mil referente a alugueis.

A decisão, porém, interrompeu uma negociação que era feita com a Secretaria Estadual de Cultura para abatimento das dívidas com cursos para novos restauradores.

No local são recuperados quadros e peças de mármore, porcelana, metal, gesso. Já foram atendidos pela Ao Faz Tudo o rei Alberto da Bélgica, Santos Dumont e o presidente Getúlio Vargas.

Criada em 1909 pelo português José Ramos, a loja já recebeu encomendas do museu do Louvre, afirma o atual proprietário, Álvaro Costa Junior.

O Rioprevidência afirma que "todo imóvel que pertence à carteira do Rioprevidência deve ter um aproveitamento econômico". O órgão aponta que há inadimplência desde 2004, o que levou ao início do processo.

Junior afirma que o valor do aluguel do imóvel foi multiplicado por dez em 1999, quando foi incorporado ao patrimônio do Rioprevidência. São cobrados cerca de R$ 2.500 por mês. O órgão aponta ter por obrigação legal seguir valores de mercado.

Em 2010, o imóvel foi repassado à subsecretaria de Patrimônio, o que permitiu o início da negociação para o abatimento da dívida.

"Não queremos ficar no imóvel só porque temos história. Nós queremos pagar, mas um valor que possamos pagar. É uma atividade diferente. Hoje tem cliente, amanhã não tem", diz Junior.

A loja iniciou negociação com a Secretaria de Cultura para pagar a dívida com cursos de formação e com serviços prestados aos órgãos estaduais. Entre os clientes está o Palácio Laranjeiras, sede do governo estadual.

Mas em junho de 2011 o imóvel voltou para o Rioprevidência, o que reiniciou o processo de reintegração de posse do Estado. O despejo está marcado para esta semana.

Segundo a Secretaria de Planejamento e Gestão, o imóvel voltou para o Rioprevidência porque foi "constatada sua viabilidade comercial". Junior aponta que a região, entre a Lapa e a praça Tiradentes, sofre alta especulação imobiliária.

O Estado afirma que vai leiloar o imóvel.

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