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Italia Thomei Bernardi (1918-2012)

A costureira e a guerra na Itália

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

No dia em que Italia Bernardi nasceu, em São Paulo, o pai dela estava no campo de batalha, na Europa. Ele fora convocado para lutar na Primeira Guerra (1914-1918).

E já que ele estava na Itália, por que não batizar a menina com o nome do país de onde o pai voltaria cheio de medalhas? Foi o que fizeram.

"Ainda bem que o pai não estava na Bósnia", brinca hoje o filho de Italia, Francisco.

Ela, que se tornou overloquista, sonhou conhecer a terra onde o pai guerreara. Acabou visitando apenas Colômbia e EUA, para rever familiares que moravam por lá.

Em 1941, casou-se com Dorcílio, cujo pai também fora para a guerra, mas que, ao contrário do pai de Italia, não voltara. Morrera no conflito.

O marido era alfaiate, e como não ganhava muito, ela trabalhou por um tempo para ajudar na renda da casa.

Costureira, fez serviços com sua máquina de overloque para malharias e fabricou roupinhas de bebê, como lembra a filha, Maria Helena.

Em 1970, o marido, então aos 55, não resistiu a um infarto e morreu. Italia estava com 52 e foi viver com a filha.

Descrita como bonita e vaidosa, "já acordava de batom e laquê", como brinca a filha. Gostava de festas e dizia todas as tardes: "Onde vamos hoje?". Adorava bingos, que frequentou até fecharem.

Sofria de alzheimer e de parkinson. Pegou uma infecção de urina, que deixou sua saúde debilitada. Morreu na terça (2), aos 94 anos, de falência de órgãos. Foi enterrada maquiada. Teve dois filhos, cinco netos e 11 bisnetos.

A missa do sétimo dia será amanhã, às 19h30, na igreja São Pedro, na Mooca.

coluna.obituario@uol.com.br

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