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Brasileiro levou cinco disparos na Austrália

Polícia atirou 14 vezes com arma de eletrochoque contra o jovem, que era acusado de furto, foi perseguido e morreu

Autópsia apontou que ele tinha consumido LSD, segundo dados apresentados ontem em audiência preliminar

JACIRA WERLE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SYDNEY

A autópsia do brasileiro Roberto Laudísio Curti, 21, morto em Sydney (Austrália), em março deste ano, apontou que ele foi atingido por cinco disparos de armas de eletrochoque usadas por policiais australianos que o perseguiam.

O fato foi revelado ontem durante a primeira audiência no tribunal preliminar da Justiça australiana que analisa o caso. Também foi mencionado que os policiais dispararam 14 vezes contra o jovem.

Um exame toxicológico concluiu ainda que ele consumiu LSD, o que foi confirmado por dois amigos de Curti, que disseram que o trio dividiu um comprimido da droga.

Beto, como era conhecido, era suspeito de furtar um pacote de bolachas de uma loja de conveniência e foi perseguido de madrugada pela polícia, que o atingiu com disparos de Taser (pistola de choque).

O tribunal ainda ouvirá testemunhas e envolvidos. Em seguida, a Justiça decide se encaminha ou não o caso para ser julgado criminalmente, e pode fazer recomendações como restringir o uso das armas de eletrochoque.

Na audiência foram exibidos vídeos de câmeras que ficam conectadas às armas dos policiais. As imagens mostram o brasileiro sem camisa e descalço -em uma das cenas, Curti aparece correndo quando um disparo atinge suas costas e ele cai.

As imagens mostram que 11 policiais o cercavam nesse momento. Menos de 15 minutos após ter sido capturado, Curti estava morto.

As duas irmãs do jovem, que acompanhavam a audiência, choraram durante a apresentação dos vídeos.

Também foram ouvidas duas testemunhas -o policial que atendeu ao chamado sobre o roubo de biscoitos na loja de conveniência e o porteiro de um prédio que viu o final da perseguição.

O cunhado de Curti, Michael Reynolds, que estava em frente ao prédio do tribunal ontem, disse que a família está "devastada" e quer esclarecer a verdade sobre o caso.

Tanto os advogados da família quanto os dos policiais ainda devem se manifestar no tribunal preliminar. O consulado brasileiro em Sydney enviou dois representantes para acompanhar os trabalhos, mas eles não se manifestaram.

Curti morava com a irmã em Sydney. Ele foi para a Austrália para estudar inglês em julho de 2011.

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