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Após nova série de assassinatos, PM fará cerco na Baixada e Grande SP

Pela terceira vez em cinco dias, sequência de crimes ocorre após morte de policial militar

PM e outras 7 pessoas foram mortas em Taboão e em Embu; mais 15 mil homens vão reforçar policiamento

DE SÃO PAULO
DO “AGORA”

Pela terceira vez em cinco dias, São Paulo viveu nova noite de violência com uma série de assassinatos de civis ocorridos logo após um policial militar ser morto a tiros por criminosos.

Horas depois, o governo anunciou uma megaoperação da Polícia Militar com cerca de 15 mil homens a mais no policiamento no Estado e um cerco aos criminosos na Baixada Santista e Grande São Paulo.

Os últimos ataques foram na Grande São Paulo, em Taboão da Serra, onde o soldado Hélio Miguel de Barros, 36, que estava de folga, foi morto com 15 tiros num posto de combustível às 21h50 de anteontem.

Cerca de 30 minutos depois, dois suspeitos de participar do ataque ao PM foram seguidos por policiais militares de Taboão até a vizinha Embu das Artes, onde foram mortos em um suposto confronto.

Nas quatro horas seguintes, ao menos outras cinco pessoas foram mortas em Taboão. Os crimes foram cometidos por desconhecidos que passaram nas ruas atirando em quem encontrassem.

Em um dos casos, três amigos conversavam na calçada quando foram atacados. Dois ficaram feridos e um foi morto ao tentar escapar dos atiradores. A vítima, o autônomo Fernando Pereira de Melo, 23, ficou espetada nas lanças das grades de um portão.

Entre as sete vítimas está o fotógrafo Fábio Julião dos Santos, 32, irmão de um PM.

Outras seis pessoas ficaram feridas pelas ruas de Taboão.

A polícia apura se outras duas mortes na madrugada de ontem no Capão Redondo (zona sul) também têm ligação com os ataques, em razão da proximidade com Taboão. No Itaim Paulista (zona leste), houve dois assassinatos, mas aparentemente sem ligação.

As outras séries de mortes, na quinta no Guarujá e no domingo em Santos e na Praia Grande, também ocorreram após ataques a PMs. No total, 14 pessoas foram assassinadas por desconhecidos encapuzados em motos ou carros.

SATURAÇÃO

Segundo policiais ouvidos pela reportagem, interceptações telefônicas detectaram a existência de uma lista com nomes de 36 PMs e de 12 policiais civis a serem mortos por criminosos do PCC.

O comandante da Polícia Militar, Roberval França, disse desconhecer a tal lista.

Sobre o reforço no policiamento, França diz que ele ocorre em razão dos ataques. "A PM quer demonstrar à sociedade que está respondendo aos picos de incidências criminais."

Esse reforço, de 15 mil policiais (5.000 em cada um dos três turnos de trabalho), se somará ao efetivo de 30 mil que já atua nas ruas todos os dias. Esses PMs virão do serviço administrativo e, até, de homens ainda em formação. Não há prazo para o término da operação, que começa hoje.

França diz discordar da avaliação do Ministério Público de Santos, de que há uma "guerra civil", entre PMs e o PCC. "Guerra é quando a lei não vigora mais. O que está acontecendo é uma série de delitos."

O governo estadual afirma que é "lenda" o poderio da facção criminosa PCC e que há glorificação dos criminosos por parte da imprensa.

O procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, foi procurado por dois dias para comentar o tema, mas não se manifestou. (ROGÉRIO PAGNAN, AFONSO BENITES, MARTHA ALVES, JOSMAR JOZINO E LEO ARCOVERDE)

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